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Conheça os cinco sinais de depressão mais comuns nos adolescentes

Cerca de 50% dos casos da doença surgem antes dos 18 anos, mas costumam ser diagnosticados mais tarde pela dificuldade na detecção

Por Redação
Atualizado em 29 jan 2019, 19h26 - Publicado em 29 jan 2019, 19h00

A depressão é um transtorno psiquiátrico que pode ser desencadeado por diversos fatores, como carga genética e ambiente onde o indivíduo está inserido; no entanto, os especialistas ainda não chegaram a um consenso sobre qual deles é predominante. No Brasil, estima-se que sejam diagnosticados aproximadamente 2 milhões de casos por ano e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 30% da população mundial vai enfrentar algum episódio de depressão ao longo da vida.

Apesar de a doença ser comumente identificada durante a vida adulta, pesquisas indicam que cerca de 50% dos pacientes nessa faixa etária apontaram a aparição dos sintomas antes dos 18 anos. Em entrevista à BBC, Lee Fu, psiquiatra especialista em crianças e adolescentes, os jovens são um público mais vulnerável, pois ainda estão descobrindo “alternativas para lidar com a vida e, obviamente, têm mais frustrações”. Por causa disso, ela afirma que o ambiente escolar é extremamente importante na vida do adolescente e o que acontece nesse âmbito não deve ser negligenciado.

Para ajudar a identificar indícios da doença, a BBC preparou uma lista com os principais sinais que familiares, professores e amigos precisam estar atentos para conseguir identificar o problema antes que ele se agrave. Confira. 

1. Mudança comportamental

Segundo especialistas, sentimentos de melancolia, tristeza e introversão não são os únicos sinais de um quadro depressivo: mau humor em excesso (o adolescente pode ficar rabugento ou experimentar alterações de humor), irritação, mudanças no peso (geralmente provocadas pelo aumento do apetite) e variações no padrão de sono – (como demorar mais para conseguir dormir e ter mais pesadelos) também podem indicar o aparecimento da doença. Outros sintomas que normalmente surgem são desânimo, choro excessivo, queixas sobre “não saber o que fazer” e perda da capacidade de sentir prazer em atividades que antes eram consideradas divertidas.

2. Prazer virtual

Conforme o adolescente vai perdendo a capacidade de se divertir com amigos, passeios ou a prática de esportes, por exemplo, ele passa a encontrar refúgio na internet, onde tudo parece ser mais perfeito e feliz do que na vida real. Vale ressaltar que os jovens de fato têm uma relação muito próxima com a internet, mas se as redes sociais, jogos, séries e filmes passam ser a única fonte de diversão, é sinal de problema.

“Quando o jovem fica hiperconectado com o mundo virtual, e desconectado do mundo real, acaba ficando sem experiência de vida, fica menos comprometido, um jovem frágil emocionalmente. É um padrão para se ter um olhar mais cuidadoso”, alertou a psicóloga Érica da Costa Garcia à BBC.

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3. Sem planos

A fase da adolescência é uma época de descobertas e de tomada de decisões importantes, como escolher que profissão seguir ou que universidade cursar, por exemplo. É normal se sentir inseguro para tomar essas decisões que podem definir o futuro. No entanto, se a insegurança se transformar em completo descomprometimento com o futuro, isso é um alerta amarelo para a depressão.

De acordo com Érica, um jovem que nesta fase está lutando para resolver alguma questão emocional de base não vai conseguir pensar em escolhas importantes, como a orientação vocacional. “Não é possível decidir a carreira, se o jovem não tem autonomia como um todo. A adolescência é marcada por altos níveis de depressão e ansiedade. Trabalhar a saúde mental ajuda o jovem não só a escolher a carreira”, comentou.

A psicóloga faz parte da equipe do Kuau, um aplicativo que oferece orientação vocacional por meio de vídeos. Através da tecnologia ela conseguiu identificar inúmeros estudantes com sintomas de depressão.

4. Queda no rendimento escolar

Segundo Lee Fu, um dos sintomas da depressão é a alteração da forma e da velocidade do raciocínio, o que reflete no rendimento escolar, afetando notas e frequência. Como nem todas as escolas conseguem acompanhar de perto os estudantes, especialmente quando há tantas outras questões características dessa fase da vida ou poucos recursos (principalmente na escola pública), os pais devem encarar as mudanças no boletim como o grande sinal de alerta para o transtorno.

“A criança diz que presta atenção, mas não consegue lembrar de tudo que estudou. Podem ser alunos que antes tinham notas boas, mas agora a cabeça não funciona. Esse tipo de situação faz parte dos sintomas depressivos”, afirmou a especialista.

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5. Pensar sobre a morte

Dados da OMS revelam que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, perdendo apenas para causas externas como acidentes climáticos e homicídios. Apesar de, em casos graves, a depressão ser capaz de levar ao suicídio, nem todos os casos estão relacionados à doença. Para Arthur Danila, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, a depressão não tratada aumenta o risco de pensamentos suicidas. “A falta de esperança que é muito encontrada em pessoas deprimidas é um dos fatores psicológicos mais correlacionados com a ideação suicida”, disse à BBC.

Tratamento

tratamento para a depressão na adolescência é o mesmo da idade adulta: psicoterapia, para casos leves – muitas vezes também para as famílias; e medicação associada à psicoterapia em quadros moderados e graves. O que define a gravidade da doença é a intensidade dos sintomas, o grau de prejuízo na vida do paciente e a presença de pensamentos ou tentativas suicidas.

“A avaliação por psiquiatras pode ajudar muito a definir qual a melhor conduta em cada caso. E, é claro, a identificação precoce dos sintomas e o adequado encaminhamento para atendimento por um profissional especializado”, destacou Danila.

Prevenção

Para Lee Fu, a prevenção ainda é o melhor remédio. Por isso, é importante praticar exercício físico, manter uma alimentação saudável, estar atento aos hábitos de sono (dormir de sete a oito horas por dia) e buscar relações sociais construtivas. “Tem horas que não dá para mostrar que o mundo é colorido aos jovens porque eles não entendem. O que dá para fazer é ficar do lado”, diz Lee Fu.

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