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Como saber a hora da primeira vez

A questão é antiga e a resposta também: não existe uma idade certa para meninas terem a primeira relação sexual. Mas apressar esse momento, como parece ser tendência atualmente, pode trazer uma série de consequências graves para a vida das adolescentes

Por Aretha Yarak
16 set 2011, 23h30
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  • A escritora Thalita Rebouças é um fenômeno editorial. A venda de seus livros já ultrapassa mais de um milhão de exemplares. Muito do seu sucesso deve-se ao livro Era Uma Vez Minha Primeira Vez, no qual descreve os dilemas que se apoderam das adolescentes sobre a hora certa de ter a primeira relação sexual – um momento naturalmente permeado de dúvidas. Alçada à condição de guru entre as meninas, recebe mais de 100 e-mails por dia. Cerca de 20% deles são para conversar sobre o início da vida sexual. “A principal dúvida delas é saber se eu acho que elas estão prontas ou não”, diz a autora. Thalita reconhece que não está apta a opinar em uma questão tão pessoal e importante. “Não dou esse tipo de conselho, pois não conheço as meninas. Sempre peço que elas conversem com alguém do universo delas, como os pais”, afirma, com razão. Em tempos onde o sexo é tema recorrente até em propagandas de sabonete, o papel orientador dos pais faz-se cada vez mais necessário. Não basta ter um corpo maduro para entregar-se à primeira relação, especialistas alertam, é preciso esperar também pelo amadurecimento psicológico, tão ou até mais importante nesse caso.

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    As perguntas que chegam a Thalita são feitas por uma maioria esmagadora de meninas entre 13 e 16 anos, curiosas ainda sobre o uso da camisinha ou se é preciso estar namorando para perder a virgindade. As protagonistas do livro têm entre 15 e 19 anos, quando perdem a virgindade. A autora é enfática ao afirmar que a infância não deve ser encurtada. “Meninas de oito anos já me procuraram dizendo que leram meu livro. Fico chocada. É muito cedo para elas. Digo para esperarem até ficarem mais velhas”, diz Thalita.

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    De acordo com Alexandre Saadeh, psiquiatra especialista em sexualidade e professor da PUC-SP, não há uma idade padrão e indicada para o primeiro ato sexual. Em termos fisiológicos, no entanto, a garota estaria mais preparada acima dos 14 ou 15 anos. Biologicamente, é a menarca que determina o amadurecimento do organismo feminino. Com a primeira menstruação, o corpo da garota dá o sinal de que está pronto para a concepção – e, assim, para o sexo.

    Uma coisa, no entanto, é o amadurecimento fisiológico do corpo, outra é o bom senso diante de uma questão tão importante, que pode determinar uma série de consequências no futuro da jovem. A legião de mães solteiras adolescentes pode atestar que uma garota nessa idade não tem condições de arcar emocionalmente com o peso do resultado quando algo sai errado. Uma gravidez, por exemplo, pode significar ter de adiar – ou até descartar – sonhos e projetos de uma faculdade, um intercâmbio no exterior, viagens, diversão com outros jovens da mesma idade.

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    Pílula não é tábua de salvação – Toda adolescente precisa saber que o início da vida sexual implica em uma série de cuidados obrigatórios com a saúde: a ida períódica ao ginecologista para a realização de exames como o papanicolau e a preocupação constante com as doenças sexualmente transmissíveis são alguns deles. Outra preocipação constante na rotina de quem está ativa sexualmente é contracepção. Por mais que logo após a primeira menstruação o organismo esteja apto para uma relação, os médicos recomendam que pílulas anticoncepcionais só comecem a ser usadas dois anos depois. Isso porque o eixo hipotálamo-hipofisário, estrutura cerebral responsável pela produção de diversos hormônios, entre eles o que regula os ovários, demora esses dois anos para estar completamente amadurecido, alerta Liliane Diefenthaeler Herter, presidente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia Infanto-Puberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

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    O uso da pílula desperta ainda outros cuidados. De acordo com Maurício de Souza Lima, hebiatra (especialista em adolescentes) do departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP e médico do Hospital de Clínicas de São Paulo, algumas garotas tomam a pílula que a amiga está tomando, sem ter feito todos os exames clínicos e laboratoriais necessários para saber qual a melhor indicação. “É preciso descartar alguns fatores de risco, que só o médico pode fazer no consultório, como tendência familiar à trombose, problemas hepáticos e alterações na coagulação”, diz.

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    Além do uso da camisinha, é importante que a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) seja tomada já a partir dos nove anos. A indicação precoce se deve aos riscos de transmissão do vírus mesmo sem que haja a penetração. “O HPV não é transmitido apenas na relação sexual completa, mas também durante as preliminares, com o toque da mão ou do corpo do parceiro”, diz o hebiatra Maurício de Souza Lima. Assim, como no início da descoberta sexual os jovens costumam apenas ‘brincar’, o risco de transmissão do vírus é alta.

    Escolhas erradas – Segundo o psiquiatra Alexandre Saadeh, professor da PUC-SP, é fundamental que a garota tenha todas as informações básicas e uma boa orientação de alguém que confia antes de tomar a decisão. Ela precisa saber que os sinos podem não tocar. E em vez disso, ela poderá sangrar e sentir desconforto – nem sempre a primeira vez é prazerosa, se a garota não estiver relaxada e devidamente protegida. Outra coisa importante é ela estar segura para entender que as coisas podem mudar – e melhorar – conforme for ganhando confiança em si e no parceiro, conhecimento do próprio corpo, enfim… amadurecendo. Em resumo: amadurecimento é a palavra-chave para a qualidade e a saúde na vida sexual.

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