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Como a “fome de proteína” pode levar à obesidade?

Estudo mostra que alimentos processados são a chave para o aumento de peso, impulsionados pela alta necessidade de proteínas no organismo

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 nov 2022, 16h41

Um novo estudo da Universidade de Sydney, na Austrália, baseado em uma pesquisa nacional de nutrição e atividade física da Australian Bureau of Statistics (ABS) e publicado na revista Obesity, confirma que alimentos processados ​​são a chave para o aumento da obesidade. O levantamento analisou os hábitos alimentares de 9.341 australianos, com idade média de 46 anos, durante o período de um ano, de maio de 2011 a junho de 2012. “À medida que as pessoas consomem mais junk food ou alimentos altamente processados ​​e refinados, elas diluem suas proteínas na dieta e aumentam o risco de sobrepeso e obesidade, o que sabemos que aumenta o risco de doenças crônicas”, disse Amanda Grech, pesquisadora de pós-doutorado da Escola de Ciências Biológicas e Ambientais da universidade e principal autora do trabalho.

O estudo reforça a Hipótese de Alavancagem de Proteína, apresentada pela primeira vez em 2005 pelos pesquisadores David Raubenheimer e Stephen Simpson, que diz que as pessoas comem gorduras e carboidratos em excesso quando estão ávidas por proteínas, um macronutriente muito valorizado pelo nosso organismo. “Está cada vez mais claro que nossos corpos comem para satisfazer uma meta de proteína”, afirmou o professor Raubenheimer, presidente da Leonard Ullmann Chair em Ecologia Nutricional na School of Life and Environmental Sciences. “Mas o problema é que os alimentos das dietas ocidentais têm cada vez menos proteína. Portanto, você deve consumir mais para atingir sua meta de proteína, o que efetivamente eleva sua ingestão diária de energia”.

Segundo o trabalho, como grande parte das dietas de hoje em dia possuem alimentos altamente processados ​​e refinados – que são pobres em proteínas – as pessoas são incentivadas a consumir alimentos mais densos em energia até que satisfaçam sua necessidade proteica. Ou seja, mais de 1 milhão de formas de proteína, encontradas em alimentos como carnes, leite, peixes, ovos, soja, legumes, feijão e alguns grãos, são necessárias para que o corpo humano funcione. “Os humanos, como muitas outras espécies, têm um apetite mais forte por proteínas do que pelos principais nutrientes que fornecem energia, como gorduras e carboidratos. Isso significa que, se a proteína em nossa dieta for diluída com gorduras e carboidratos, consumiremos mais energia para obter a proteína que nosso corpo deseja”, explicou Raubenheimer.

No estudo, os pesquisadores descobriram que a ingestão média de energia dos participantes foi de 8.671 quilojoules (kJ), com uma proporção média de energia de 18,4%, vinda da proteína contra 43,5% de carboidratos e 30,9% de gordura, um padrão que corresponde à Hipótese de Alavancagem de Proteína. Ou seja, os participantes que consumiam quantidades menores de proteína na primeira refeição do dia, aumentavam o consumo geral de alimentos nas próximas refeições, e os que consumiam a quantidade recomendada de proteína pela manhã, diminuíram sua ingestão de alimentos ao longo do dia.

Outra descoberta relevante é que os participantes com proporção menor de proteína que a recomendada na primeira refeição consumiram mais alimentos densos em energia, ricos em gorduras saturadas, açúcares, sal ou álcool durante o dia. Ou seja, apesar de muitas coisas contribuírem para o ganho de peso como padrões alimentares, níveis de atividade física e rotinas de sono, os pesquisadores da Universidade de Sydney afirmaram que alta necessidade de proteínas do corpo e a ingestão de alimentos altamente processados ​​e refinados são um fator-chave para a obesidade. “Isso apoia um papel central da proteína na epidemia de obesidade, com implicações significativas para a saúde global”, complementou Raubenheimer, acrescentando. “O mecanismo da proteína no apetite é uma visão revolucionária. Obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, todas são motivadas pela dieta e temos que usar o que estamos aprendendo para controlá-las”.

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