Cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, conseguiram desenvolver em laboratório, por meio de manipulação genética, células do sistema imunológico resistentes ao HIV. Eles conseguiram chegar a esse resultado após inserir genes que barram a ação do vírus nos linfócitos T, que são as células atacadas pelo HIV. Segundo esses especialistas, caso a eficácia dessa terapia genética seja confirmada em testes clínicos no futuro, a abordagem pode vir a substituir o coquetel, que combina ao menos três antirretrovirais e hoje é a única opção de tratamento contra a aids. A pesquisa foi publicada nesta semana no periódico Molecular Therapy, do grupo Nature.
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TERAPIA GENÉTICA
Tratamento que busca alterar o DNA de uma determinada célula, em busca de um resultado benéfico para a saúde de um paciente. Para isso, os cientistas precisam inserir um gene no núcleo da célula e fazer com que substitua outro. Os pesquisadores costumam usar como veículo desse gene um vírus ou retrovírus, pois esses vetores conseguem alterar o material genético de seu hospedeiro. Dentro da célula, o novo gene passa a fazer parte de seu DNA, e pode ser usado para tratar alguma doença.
Para que o vírus HIV consiga invadir os linfócitos T, ele utiliza como porta de entrada dois tipos de proteína que ficam na superfície da célula, conhecidas como CCR5 e CXCR4. Sem esses receptores, o vírus não é capaz de entrar. O que os cientistas responsáveis por esse novo estudo fizeram foi inativar um desses receptores e, em seu lugar, acrescentar novos genes a fim de proteger as células de defesa.
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Para isso, eles quebraram a sequência de DNA do receptor CCR5 e lá inseriram três genes conhecidos por conferir resistência ao vírus da aids. Com isso, a entrada do vírus nos linfócitos é bloqueada, o que impediria o HIV de destruir o sistema imunológico do paciente. De acordo com Matthew Porteus, coordenador do estudo, no entanto, essa terapia não teria a capacidade de curar a infecção, mas sim de reproduzir o efeito do tratamento com o coquetel, com mais eficácia e menos efeitos colaterais.
(Com Estadão Conteúdo)