Casos de doença arterial periférica aumentam 23,5% em dez anos
O problema está relacionado ao aumento da expectativa de vida da população mundial
O número de pessoas no mundo com doença arterial periférica – problema causado pela obstrução das artérias das pernas e que provoca a diminuição do fluxo sanguíneo na região – aumentou em 23,5% nos últimos dez anos. Segundo um estudo publicado na última quinta-feira, na revista médica The Lancet, 164 milhões de indivíduos sofriam com a doença em 2000. Esse número saltou para 202 milhões em 2010. Essa é a primeira vez que pesquisadores fazem uma estimativa global da doença.
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DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA
A doença arterial periférica, ou insuficiência vascular periférica, acontece quando há uma obstrução nas veias das pernas, comprometendo a circulação sanguínea. De acordo com o cardiologista Raul dos Santos, diretor da Unidade Clínica de Lípides do Instituto do Coração Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), o problema pode em muitos casos não apresentar qualquer sintoma, mas também pode evoluir para quadros muito graves, com a necessidade de amputação de algum membro.
“Alguns dos sintomas incluem a mudança de cor na pele da perna, que pode ficar branca ou arroxeada, além de sensação de cansaço e formigamento nos membros”, disse o médico ao site de VEJA.
Os principais fatores de risco para o problema são tabagismo e diabetes – mas o envelhecimento, obesidade, hipertensão, colesterol alto e sedentarismo também estão ligados à doença. De acordo com Santos, a doença arterial periférica aumenta o risco de problemas cardíacos, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Caminhar é uma forma de ajudar a tratar o problema, pois melhora a circulação das pernas. Cirurgias, como a angioplastia, também podem ser indicadas dependendo do caso.
Segundo os autores do estudo, o aumento da expectativa de vida da população mundial pode ajudar a explicar o crescimento de casos dessa doença. Entre pessoas com mais de 80 anos de idade, por exemplo, o número aumentou 35% nesse período de dez anos. Hoje a condição afeta um em cada dez indivíduos de 70 anos e um em cada seis com mais de 80 anos, mostrou o levantamento.
Na opinião do cardiologista Raul dos Santos, diretor da Unidade Clínica de Lípides do Instituto do Coração Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), além do envelhecimento da população, o aumento do número de pessoas com diabetes e o diagnóstico cada vez mais precoce também podem ajudar a explicar o crescimento da doença arterial periférica. O diabetes, junto com o tabagismo, aumenta ainda mais o risco de desenvolver a doença.
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Chamando a atenção – “Apesar da prevalência alarmante e as implicações no risco cardiovascular, pouca atenção tem sido dada a essa doença”, diz Gerry Fowkes, professor do Centro de Ciências da Saúde Populacional da Universidade de Edimburgo, na Grã-Bretanha, e coordenador do trabalho. A pesquisa de Fowkes se baseou em outros 37 estudos. “A doença arterial periférica se tornou um problema global no século 21. O aumento dramático da condição já é um grande desafio de saúde pública devido à diminuição da mobilidade e da qualidade de vida, além do aumento do risco cardíaco. Conforme a população mundial envelhece, essa doença se torna cada vez mais comum. Por isso, as estratégias de tratamento e prevenção do problema são urgentes”, diz Fowkes.