Cães treinados podem detectar a presença da Covid-19 de forma mais eficaz do que os testes de PCR com swab nasal, tanto em pessoas sintomáticas quanto assintomáticas. É o que aponta um estudo revisado por pares, publicado nesta quarta-feira 1 pela revista Plos One.
Na pesquisa, os caninos foram capazes de detectar o coronavírus em 97% dos casos sintomáticos e quase 100% dos casos assintomáticos. “O cachorro não mente”, disse Dominique Grandjean, professor da Alfort National Veterinary School, na França, e autor do estudo.
O estudo contou com 335 participantes de centros de triagem da Covid, em Paris. Destes, 109 deram positivo, incluindo 31 assintomáticos. Os cães de detecção, fornecidos por quartéis de bombeiros franceses e dos Emirados Árabes Unidos, receberam de três a seis semanas de treinamento para farejar amostras de suor humano colocadas em um cone de olfato. Se um cachorro detectava a Covid, sentava-se em frente ao cone.
Em última análise, os cães treinados foram mais sensíveis aos casos positivos, diferente dos testes de PCR nasal, que foram mais capazes de detectar os diagnósticos negativos. Em dois falsos positivos, os cães identificaram falsamente outras cepas de doenças respiratórias de coronavírus, que não eram Covid.
Embora existam estudos anteriores sobre a capacidade dos cães de detectar a doença, acredita-se que este seja o primeiro a comparar a precisão dos cães com os testes antigênicos. Um estudo publicado em maio por pesquisadores do Reino Unido descobriu que cães treinados podem detectar a doença com uma precisão de 82% a 94%.
Os autores do estudo francês disseram que, em breve, mais cães poderão ser usados para detectar a Covid em ambientes de triagem em massa, incluindo aeroportos como o internacional de Miami, que já utiliza os animais desde setembro do ano passado. Os testes de PCR podem levar dias para fornecer um resultado. “Já os cães treinados foram capazes de analisar 20 amostras em apenas 15 segundos” afirmou Grandjean.
Os cachorros também devem beneficiar aqueles que têm problemas para tolerar zaragatoas nasais, como pacientes com Alzheimer, afirmaram os autores. “O ideal – e eu consideraria isso o Santo Graal – é que o cão fique parado ali, uma pessoa passe e diga: ‘Sim, não, sim, não, sim, não’”, disse Cynthia Otto, diretora do Penn Vet Working Dog Center, da Universidade da Pensilvânia, à NBC. “Isso eventualmente poderia ser feito, mas garantir que seja com todos os controles adequados e garantias de qualidade e segurança – é um grande passo. Não vi ninguém que tenha proposto como fazer essa transição de uma maneira científica e segura”.