O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira, 6, que recebeu o primeiro lote de vacinas contra a monkeypox, mais conhecida como varíola dos macacos, e que a remessa com 9,8 mil doses será utilizada em estudos para avaliar a efetividade do imunizante na população brasileira exposta à zoonose viral. A pasta informou que o montante chegou ao Aeroporto de Guarulhos na última terça-feira, 4, e que as demais doses serão entregues até o fim deste ano.
O ministério adquiriu 50 mil doses da vacina contra a doença por meio de tratativas com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a previsão era de que a primeira remessa chegasse ao país em setembro. Em agosto, foi lançada a Campanha Nacional de Prevenção à Monkeypox.
Segundo a pasta, a realização de pesquisas com a vacina é uma recomendação da OMS e terá com foco verificar se a imunização reduz a incidência da doença e a evolução para quadros graves na população brasileira, além de reunir dados sobre efetividade, imunogenicidade e segurança da vacina.
O estudo será coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a vacina Jynneos (vírus Ankara modificado), da farmacêutica Bavarian Nordic, em pessoas que tiveram contato prolongado com caso confirmado da doença (pós-exposição) e pessoas que fazem uso de profilaxia pré-exposição (PrEP) ou em tratamento com antirretroviral para HIV. Os centros de pesquisa ainda serão divulgados e serão determinados a partir das cidades com mais casos confirmados e infraestrutura para realização da pesquisa. “É importante ressaltar que as vacinas são seguras e atualmente são utilizadas contra a varíola humana ou varíola comum”, destaca, em nota, o ministério.
Segundo a pasta, profissionais de saúde não estão incluídos como grupo prioritário para receber as doses por realizarem coleta e atendimento aos pacientes com equipamento de proteção individual (EPI). “Caso haja algum contato prolongado e sem proteção com algum paciente, esse profissional poderá ser recrutado.”
Em julho, a zoonose viral foi considerada uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC, na sigla em inglês) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, até o momento, contabiliza 71,2 mil casos no mundo, segundo a plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford. No Brasil, foram confirmados 8.147 casos e três mortes, a última ocorreu no estado do Rio de Janeiro.
Monkeypox
Descoberta em 1958, a monkeypox (varíola dos macacos) recebeu esse nome por ter sido observada pela primeira vez em primatas utilizados em pesquisa. Ela circula principalmente entre roedores, e humanos podem se infectar com o consumo da carne, contato com animais mortos ou ferimentos causados por eles.
Entre os sintomas, estão: febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. A erupção cutânea começa geralmente no rosto e, depois, se espalha para outras partes do corpo, principalmente as mãos e os pés. Antes do surto, a doença era considerada endêmica em países da África central e ocidental, como República Democrática do Congo e Nigéria.
Análises preliminares sobre os primeiros casos do surto na Europa e na América do Norte demonstraram que o vírus foi detectado por serviços de cuidados primários ou de saúde sexual e os principais pacientes eram homens que fazem sexo com homens. No entanto, a OMS já alertou para o fato de que essa não é uma doença que afeta grupos específicos e que qualquer pessoa pode contraí-la se tiver contato próximo com alguém infectado.