Após sete anos de queda nas coberturas vacinais, o Brasil reverteu o cenário e registrou alta para a cobertura de oito vacinas do calendário infantil em 2023, em todo o país. É o que indica um balanço preliminar do Ministério da Saúde, que analisou os índices de janeiro a outubro de 2023, comparando com todo o ano de 2022.
Entre os imunizantes que indicaram crescimento, estão as vacinas contra hepatite A, poliomielite, pneumocócica, meningocócica, DTP (difteria, tétano e coqueluche) e tríplice viral 1ª dose e 2ª dose (sarampo, caxumba e rubéola), todas para crianças de até 1 ano de idade. Além delas, houve aumento na procura pelas vacinas contra a febre amarela, indicada aos nove meses.
Segundo a pasta, o avanço é resultado do planejamento multiestratégico adotado pelo novo governo que lançou o Movimento Nacional pela Vacinação, além de um microplanejamento que repassou mais de R$ 151 milhões para ações regionais nos estados e municípios, levando à melhora dos índices vacinais para a DTP, que protege contra a difteria, tétano e coqueluche; poliomielite e a primeira dose de tríplice viral.
O Ministério também credita o aumento ao programa Saúde com Ciência, lançado para promover o fortalecimento das políticas públicas de saúde e a valorização da ciência. “Estamos trabalhando para reverter esse cenário de diminuição das coberturas e 2023 já dá sinais de aumento para quase todas as vacinas em quase todas as regiões do país. O grande desafio, porém, não é só incorporar novas vacinas, mas conseguir garantir altas coberturas para todas elas”, diz Renato de Ávila Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Desafios continuam
De acordo com o infectologista, o sucesso de um programa de vacinação para manter a alta das coberturas vacinais depende de alguns fatores importantes como a disponibilidade, armazenamento adequado e distribuição homogênea dos imunizantes, além da capacitação de profissionais da saúde e um registro rigoroso das doses aplicadas. “Em municípios menores, onde nascem poucas crianças, por exemplo, nós temos frascos que são desperdiçados porque uma vez abertos tem que ser usados em 6, 24 ou 48 horas”, diz o médico, que acrescenta. “Sobre os profissionais de saúde, precisam entender um calendário cada vez mais complexo, cheio de vacinas, com intervalos do que pode ser feito junto, separado, como aplica, como dilui. É um desafio enorme.”
Kfouri também ressalta o acesso e a comunicação, com o combate às fake news, como fundamentais para a melhora dos índices de cobertura vacinal no país. “Não adianta ter a vacina disponível, o profissional treinado para aplicar a vacina, o computador funcionando e a internet para enviar os dados, se não tem a pessoa para se vacinar. Então a comunicação é fundamental. E, obviamente, as pessoas têm que ter acesso, precisam chegar à unidade de saúde, com condições, dispensa do trabalho, meios de transporte ou vacinação em domicílio e na escola”, pontua o médico, que também é presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Anvisa aprova vacina contra Pneumonia
Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a nova vacina que amplia proteção de crianças e adultos contra pneumonia e outras doenças pneumocócicas como a meningite, causadas pela bactéria pneumococo, que provoca altas taxas de hospitalização e morte, especialmente em crianças até 5 anos de idade.
O imunizante, Prevenar 20, da Pfizer, é indicada tanto para crianças e jovens, entre 6 semanas e 18 anos, até adultos. Oferece proteção contra os 20 sorotipos de pneumococo de maior impacto epidemiológico no mundo: 1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 8, 9V, 10A, 11A, 12F, 14, 15B, 18C, 19A, 19F, 22F, 23F e 33F.
“A aprovação de Prevenar 20 representa a continuidade dos esforços da Pfizer para a prevenção de doenças graves, ligadas a hospitalizações e mortes. Vamos oferecer essa vacina conjugada com a mais ampla cobertura do País, colocando nossa ciência a favor da saúde respiratória dos brasileiros”, afirmou Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil.
Neste ano, a nova vacina já havia sido aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) e pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), agências regulatórias dos Estados Unidos e Europa, respectivamente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está entre os 15 países com maior incidência de infecções causadas por pneumococo, mas esta vacina ainda não tem perspectiva de inclusão no Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Novas Vacinas contra Covid e Dengue no PNI
A Pfizer também conseguiu aprovação da Anvisa para a vacina monovalente contra a Covid-19 para a variante XBB 1.5. Trata-se da ComiRNAty monovalente adaptada à sublinhagem da ômicron, uma das cepas em maior circulação no Brasil e no mundo. Indicada para toda população elegível acima de 6 meses, o imunizante mRNA também já foi autorizada pelos órgãos internacionais e será incorporada no Programa Nacional de Imunizações (PNI).
“A vacina monovalente adaptada à variante XBB.1.5 da Ômicron se mostrou eficaz na proteção contra as principais cepas que estão mundialmente em circulação, mas as vacinas Bivalente e Monovalente Original, que estão disponíveis nos postos de saúde do país, continuam tendo importante papel na redução de hospitalizações e mortes pelo vírus, por isso, é imprescindível que a população brasileira elegível mantenha sua vacinação contra Covid-19 em dia”, completa Adriana.
Outra vacina que vai ser incluída no PNI, do Ministério da Saúde, é a QDenga contra a dengue, da empresa japonesa Takeda Pharma. Recomendada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), terá 50 milhões de doses fornecidas em 5 anos, com previsão de entrega de 8,5 milhões em 2024. As estratégias de vacinação por faixa etária e regiões ainda serão definidas pela pasta.