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A volta da perigosa dieta do hormônio da gravidez

O método consiste na aplicação diária de injeções de hCG, hormônio produzido naturalmente durante a gravidez, e uma dieta de apenas 500 calorias. Em 30 dias, perdem-se até 15 quilos, mas os riscos são muitos

Por Giulia Vidale
9 nov 2015, 12h58

A proximidade do verão inaugura uma corrida contra o tempo e contra a balança. O desejo? Que os quilos extras acumulados ao longo do ano inteiro sumam rapidamente e de forma indolor para a chegada da temporada dos corpos à mostra. O cenário é perfeito para que as fórmulas milagrosas ganhem espaço. É o caso da dieta hCG. Com a promessa de emagrecer até 15 quilos em um mês, sem causar fome ou falta de energia, o perigoso método está em alta entre as brasileiras. “Muitas pacientes chegam aos consultórios perguntando sobre a dieta. Isso é preocupante porque não há evidências que confirmem a eficácia para a perda de peso. Por outro lado, temos muitas provas sobre os riscos à saúde”, diz Alexandre Hohl, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

O hCG — ou gonadotrofina coriônica humana — é um hormônio produzido naturalmente durante a gravidez. Na gestação, o composto serve para criar um ambiente favorável para o desenvolvimento fetal. Mulheres que não estão grávidas e homens, contudo, possuem taxas quase indetectáveis no corpo. Para emagrecer, as pessoas se submetem à aplicação de injeções diárias do hCG e seguem uma alimentação extremamente restritiva. O cardápio não permite o consumo de carboidratos, frutas, doces, gorduras e alimentos processados. Por 40 dias, a ingestão diária não deve passar de 600 calorias e os exercícios também são proibidos.

A indicação do hcG para a perda de peso é antiga. Na década de 50, o médico britânico Albert Simeons observou que havia uma associação entre a administração do hCG em pacientes obesos e a eliminação dos quilos extras. As evidências apontadas por Simeons, porém, foram consideradas fracas pela comunidade científica. Desde então, vários levantamentos foram realizados com o objetivo de comprovar a eficácia do tratamento. O problema é que nenhum estudo realizado até agora conseguiu provar que o hormônio é capaz de intensificar a perda de peso, distribuir melhor a gordura ou reduzir o apetite.

“Funciona como um efeito placebo. A aplicação do hCG e seu suposto efeito na perda de peso é vendido apenas como uma ilusão, com o intuito de criar um estímulo – perigoso – para essas pessoas que estão em uma dieta tão restritiva. O emagrecimento em si acontece pela restrição calórica. É obvio que alguém ingerindo apenas 500 calorias durante 30 ou 40 dias irá emagrecer”, explica Hohl.

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Por ser um tratamento off-label (não indicado em bula), a utilização do hormônio para o emagrecimento não é aprovada pela Anvisa e também não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Por isso, faltam dados de quantas pessoas são adeptas ao regime. Atualmente, o uso do hCG como medicamento é aprovado apenas no tratamento de pessoas com infertilidade ou de meninos com criptotidismo (ausência do testículo na bolsa escrotal). “A aplicação do hCG em mulheres submetidas a tratamentos de fertilidade serve para promover a maturação dos óvulos. Neste caso, sua ação é semelhante ao LH (hormônio luteinizante) e promove a ovulação. Nos homens, ele é utilizado em casos de atividade testicular ruim para estimular espermatogênese (formação de espermatozoides)”, explica o médico Edson Borges, diretor clínico do Centro de Fertilização Assistida Fertility.

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Quer emagrecer? Melhor alimentar-se em casa

Além disso, a restrição calórica pode provocar anemia, perda de massa muscular e até mesmo desnutrição. De acordo com o endocrinologista, esses problemas podem aparecer em qualquer dieta restritiva quando não há acompanhamento de um médico ou falta de suplementação de vitaminas e sais minerais.

Por isso, quem quer emagrecer e manter o peso de uma forma saudável não deve acreditar em soluções rápidas e milagrosas. “As pessoas buscam fórmulas mágicas e frequentemente surgem dietas da moda com essa proposta, mas isso não existe. O caminho continua o mesmo: descobrir o que existe de errado com a pessoa e corrigir, por meio de reeducação alimentar e atividade física adequada”, completou Hohl.

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