Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A praça sem povo: a Itália e o planeta em isolamento

Sem nenhuma informação sobre como conter e como tratar a doença até então desconhecida, os italianos sofreram como poucos os efeitos da pandemia

Por Caio Mattos Atualizado em 24 dez 2020, 08h46 - Publicado em 24 dez 2020, 06h00

Quando o mundo inteiro se fechou em casa, o vazio das cidades se tornou gritante. Ao longo do primeiro semestre, em impulso de bola de neve, os carros sumiram das ruas, o transporte público parou, o comércio fechou e cartões-postais fantasmas pipocaram pelo planeta, ostentando sua beleza fria e solitária. Veneza, a cidade milenar que nasceu e cresceu em meio ao incessante burburinho dos negócios e das artes, com moradores e visitantes circulando pelos labirintos de ruelas onde tudo se faz a pé, esvaziou-se e se calou. A veneranda e esplêndida Praça São Marcos e seus cafés — onde o expresso a 30 euros jamais afastou a clientela — foram entregues às moscas, ou melhor, aos pombos. O novo coronavírus entrou na Europa justamente pelo norte da Itália e esparramou-se pela região mais industrializada e rica do país — um pesadelo de contágio acelerado, hospitais lotados e mortes, quase 1 000 em um dia, com caixões amontoados em filas de caminhões militares. Pegos de surpresa, sem nenhuma informação sobre como conter e como tratar a doença até então desconhecida, os italianos sofreram como poucos os efeitos da pandemia, que foi se insinuando pelos vizinhos, fechando capitais e vilarejos à sua passagem.

Para além da Europa, a ameaça da Covid-19 esvaziou os viadutos de Los Angeles e as largas avenidas de Melbourne, acabou com os engarrafamentos na Cidade do Cabo e silenciou as calçadas abarrotadas de Bangalore. O flagrante do mundo com medo enquadrou Times Square, em Nova York, com seus luminosos piscando para ninguém e os teatros da Broadway de portas fechadas por um período nunca antes visto. A humanidade se confinou, para depois sair de casa de máscara e manter distância, e, agora, nesta época de festas se confinar de novo, com o recrudescimento do contágio. Na Alemanha, bares, restaurantes e casas noturnas estão fechados até o fim do ano. Na França, as aulas presenciais só recomeçarão no fim de janeiro. No Reino Unido, um sistema de restrições abrange, com maior ou menor força, o país todo até segunda ordem. E na Praça São Marcos os cafés podem, sim, abrir as portas, em horário reduzido. Só para moradores, porém. Entre o Natal e o Ano-Novo, com a circulação inter-regional suspensa, ninguém entra e ninguém sai da cidade dos canais.

Publicado em VEJA de 30 de dezembro de 2020, edição nº 2719

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.