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A estreia no Brasil do Mazor, robô mais preciso para cirurgias de coluna

Reportagem de VEJA acompanhou primeiro procedimento realizado no Hospital Israelita Albert Einstein; tecnologia reduz exposição à radiação

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 13h25 - Publicado em 9 abr 2024, 19h52
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  • Robô Mazor em ação durante sua primeira participação em cirurgia de coluna no Brasil
    Robô Mazor em ação durante sua primeira participação em cirurgia de coluna no Brasil (Hospital Israelita Albert Einstein/Divulgação)

    Já passavam das 7 horas da manhã quando uma movimentação se formou em uma das salas de cirurgia do Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul de São Paulo. Eram médicos e enfermeiros que observavam um pequeno quadrado de vidro na porta, um prenúncio de que aquela segunda-feira, 8, seria um dia importante. Eles aguardavam a estreia no Brasil do Mazor, um sistema robótico que permite o planejamento prévio de cirurgias na coluna vertebral e faz incisões precisas para a colocação de parafusos para dar estabilidade às vértebras, um delicado procedimento que, agora, pode ser realizado pelos cirurgiões com um novo aliado. A reportagem de VEJA estava no hospital e acompanhou os minutos que antecederam a cirurgia e a emoção da equipe ao encerrar a primeira missão da tecnologia no país.

    Perto da sala, mantendo a tranquilidade de quem faz 30 a 40 cirurgias por mês, estava o cirurgião de coluna Luciano Miller, preparado para operar a paciente de 80 anos que receberia seis parafusos na coluna com suporte do Mazor por causa do escorregamento de vértebra e faria ainda uma descompressão dos nervos por causa de um quadro de estenose do canal lombar.

    “O robô ajuda a dar segurança na cirurgia. Ele posiciona os parafusos na trajetória correta e a gente, como cirurgião, faz a introdução do parafuso”, explica Miller. A posição é definida a partir de uma programação feita pelo especialista antes da cirurgia, com até dias de antecedência, utilizando o software do robô e imagens da tomografia do paciente. Assim, deformidades na coluna — caso da escoliose –, hérnias de disco e outras doenças degenerativas, traumatismos e tumores podem ser tratados com o método.

    Em uso nos Estados Unidos, Canadá, Chile, Japão, China e países da Europa, a plataforma da Medtronic já atuou em 14 mil cirurgias e, segundo a empresa, tem previsibilidade para a colocação de implantes, sem a ocorrência de desvios, de 98,7%. O resultado da precisão é o maior diferencial das cirurgias robóticas: operações minimamente invasivas, risco diminuído de infecção hospitalar, tempo reduzido de internação e menos dor no pós-operatório.

    Outra vantagem é que, em métodos convencionais, é necessário utilizar radiação para orientar a inserção dos parafusos. Com o robô, o tempo de exposição é reduzido em 80%.

    Dentro da sala de cirurgia

    No centro operatório, o clima é de expectativa e curiosidade. As fortes luzes dos focos de teto destacam a região a ser operada, mas não é possível visualizar a paciente que está coberta por um extenso campo cirúrgico azul. O bisturi elétrico descortina as camadas de tecido que recobrem a coluna e, com movimentos precisos, a equipe desnuda a parte óssea que será trabalhada.

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    A postos, está o Mazor. O conjunto conta com um tipo de carrinho, um braço que segura as pinças e cinco câmeras que capturam o volume corporal e fazem imagens no momento que o paciente está pronto para o procedimento. É com elas que acontece a sobreposição das imagens na hora da cirurgia com as tomografias previamente realizadas.

    “O robô ainda tem uma característica de visibilidade. Tudo que ele fizer, a gente consegue ver. Veremos o parafuso progredindo na imagem da tomografia virtualmente”, diz Enio Ayala, representante comercial da Medtronic. “A gente consegue rastrear a posição do instrumental. Com isso, é reduzida a agressão tecidual e também de musculatura que temos de deslocar do osso, e as cirurgias são mais assertivas”, completa.

    Algo que se destaca é que, além de parecer discreto perto de todo o instrumental usado na cirurgia e da quantidade de equipamentos, parte do Mazor corresponde ao que se imagina de um robô. Ele tem uma estrutura que lembra feições humanas. “Simpático” e “Parece um rostinho” foram as principais exclamações daqueles que o viram de perto.

    O simpático
    O simpático “rosto” do robô Mazor (Hospital Israelita Albert Einstein/Divulgação)

    A grande estreia

    Com o caminho livre nas costas da paciente, Miller iniciou o esperado momento para a perfuração das vértebras e colocação dos parafusos com suporte do robô. A reportagem fazia um revesamento, entrando e saindo da sala, ao longo das mais de duas horas de cirurgia. Do lado de fora, foi possível ouvir aplausos. Era a certeza de que o primeiro parafuso tinha sido colocado.

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    Nos demais parafusos, havia uma atmosfera de extrema concentração e também certeza de que aquele momento era histórico. A cada novo posicionamento, os presentes se entreolhavam e assentiam com a cabeça para demonstrar que tudo corria bem. “Maravilha, maravilha”, confirmou o cirurgião ao terminar de abrir caminho para o último parafuso. Quando devidamente instalado, mais aplausos. Não era preciso ser médico para entender que tinha sido um sucesso.

    O robô encantou quem teve a oportunidade de vê-lo em ação, mas se engana quem pensa que a tecnologia vai substituir os médicos. “Ele não vai substituir o cirurgião ao longo do tempo. Vai auxiliar. A união entre máquina e ser humano é o maior fator de segurança e benefício ao paciente. Não haverá substituição, mas sim sinergia”, afirmou Mario Lenza, gerente médico da ortopedia do Einstein.

    Está claro, então, que o Mazor chega para ser uma nova avenida para entregar ao paciente o que a medicina almeja e que também é o significado do seu nome, que vem do hebraico: cura.

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