Com o crescimento de casos de dengue no Brasil, a ministra da Saúde Nísia Trindade solicitou em reunião nesta terça-feira, 30, com representantes de conselhos de gestores estaduais e municipais de saúde que um esforço coletivo seja realizado para combater os focos do mosquito Aedes aegypti, que também transmite zika e chikungunya. Apenas neste ano, foram registradas 217.481 infecções pelo vírus — nos 12 meses de 2023, foram contabilizados 1.658.816 casos –. No encontro, Nísia alertou sobre a importância da participação da população para evitar a presença de criadouros.
“Não podemos esquecer que 75% da transmissão (de dengue) ocorre dentro das casas. Então, há esse apelo para um trabalho de governo, mas também dos cidadãos, das cidadãs, de cada família para cuidar desse ambiente”, afirmou.
O índice diz respeito aos dados do terceiro Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e do Levantamento de Índice Amostral (LIA), realizados no ano passado, que apontaram que 74,8% dos criadouros do mosquito da dengue estão em residências em pontos de acúmulo de água amplamente conhecidos, como vasos e pratinhos de plantas, garrafas, recipientes de degelo em geladeiras, bebedouros, pequenas fontes ornamentais e materiais em depósitos de construção.
Em segundo lugar, estão as caixas d’água e demais depósitos de armazenamento de água elevados ou no nível do solo (22%) e, por fim, pneus e lixo (3,2%).
O encontro, realizado na Sala Nacional de Monitoramento de Arboviroses, reuniu integrantes do do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), equipes técnicas do Ministério da Saúde e a representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) no Brasil, Socorro Gross.
“É hora de termos, juntos, os médicos, os enfermeiros, os técnicos de enfermagem, todas as equipes de saúde mobilizadas, porque infelizmente vivemos situações em que pode haver o agravamento (dos casos)”, disse a ministra.
A dengue tem colocado o mundo em alerta por estar se alastrando em novas e antigas paragens com ajuda das mudanças climáticas, que criam condições para a reprodução e proliferação dos mosquitos. Desde o ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o tom ao se debruçar sobre dados e constatar que, em 2022, as taxas de infecção aumentaram oito vezes em relação ao ano 2000.
Vacinação contra a dengue
Em outubro, a OMS recomendou a vacinação contra a doença com foco principalmente em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em países endêmicos, caso do Brasil. Por aqui, o imunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) meses antes, em março.
Neste mês, o Ministério da Saúde anunciou que vai seguir a recomendação da entidade e ofertar o imunizante para essa faixa etária. Com a medida, o Brasil se tornou o primeiro país a incluir a vacina no sistema público de saúde. A previsão é de que a vacinação tenha início em fevereiro com a faixa de 10 a 14 anos, a mais afetada pela doença.
Segundo Nísia, a incorporação da vacina é “uma esperança para o combate à doença”, no entanto, não será possível ter impactos em curto prazo por causa da baixa disponibilidade de doses no momento. No último dia 20, o país recebeu cerca de 750 mil doses, parte da primeira remessa com 1,32 milhão de doses adquiridas pelo governo brasileiro. Até novembro, está prevista a chegada escalonada de 5,2 milhões de doses.