Um advogado contra a ditadura
Sigmaringa Seixas, defensor de presos politicos durante a ditadura militar, morre, aos 74 anos
Na história da democracia no Brasil o nome do advogado Luiz Carlos Sigmaringa Seixas figurará sempre como um incontornável verbete. Nascido em Niterói (RJ), herdou o gene libertário do pai — o também advogado Antônio Carlos Sigmaringa Seixas, morto em 2016, aos 94 anos, e reconhecido por ter lutado contra o Estado Novo de Getúlio Vargas. Durante a ditadura militar, Sigmaringa, o filho, defendeu presos políticos e participou do projeto Brasil: Nunca Mais — articulado por dom Paulo Evaristo Arns, pelo rabino Henry Sobel e pelo pastor presbiteriano Jaime Wright —, que copiou mais de 1 milhão de páginas de 707 processos do Superior Tribunal Militar (STM). O material gerou um livro, de 1985, que revelou a extensão da repressão política no país.
Em sua carreira advocatícia, foi conselheiro da OAB e da Anistia Internacional. Em paralelo, teve ainda uma robusta trajetória política. Elegeu-se deputado federal pelo então PMDB em 1986. Dois anos depois participou da redação da Constituição e foi um dos fundadores do PSDB, pelo qual se reelegeu para a Câmara em 1990. Após fracassar como candidato a senador e a vice-governador do DF, migrou para o PT e venceu outra eleição para deputado federal, em 2002.
Sigmaringa morreu em São Paulo, na terça 25, aos 74 anos. Ele lutava contra um câncer e sofreu complicações de um transplante de medula óssea. O ex-presidente Lula, seu amigo pessoal, pediu para deixar a prisão em Curitiba para comparecer ao enterro — mas a solicitação foi negada.
Por trás do hit dos anos 80
Uma das músicas mais tocadas na década de 80 teve coautoria do guitarrista carioca Guto Barros. Lançada em 1982, na estreia da Blitz, banda que ele fundou com Evandro Mesquita, a debochada Você Não Soube Me Amar liderou as paradas do verão de 1983. Guto esteve ainda ao lado de outros ícones do rock, como Lobão. Morreu na terça-feira 25, aos 61 anos, de causa não divulgada, no Rio.
Crime no meio da rua
Governador do Espírito Santo de 1982 a 1986, quando se elegeu para o Senado, onde ficaria até 2011, o capixaba Gerson Camata foi assassinado com um tiro numa rua de Vitória por Marcos Venício Moreira de Andrade, seu ex-assessor, na quarta-feira 26. O crime teria sido motivado por uma ação movida pelo ex-governador contra Andrade, que trabalhou com ele por dezenove anos e teve 60 000 reais bloqueados em razão do processo. O assassino foi autuado em flagrante. Ex-radialista, Camata entrou na política em 1967 como vereador pela Arena (depois ingressaria no PMDB). Durante o governo, conheceu a mulher, Rita Camata, deputada federal por cinco mandatos e candidata a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB) em 2002.
Publicado em VEJA de 2 de janeiro de 2019, edição nº 2615