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Subiu a pressão

Nova prisão de Paulo Preto, desta vez junto com a filha Tatiana, eleva o nível de tensão no ninho tucano diante da possibilidade de uma delação 

Por Edoardo Ghirotto e Eduardo Gonçalves
Atualizado em 1 jun 2018, 06h00 - Publicado em 1 jun 2018, 06h00
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  • Durou menos de 24 horas a segunda incursão de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, pelo sistema penitenciário, mas foi o suficiente para deixar a alta cúpula tucana com frio na espinha. Desta vez, o pedido de prisão do Ministério Público aceito pela Justiça incluía Tatiana Arana de Souza Cremonini, a filha mais nova do engenheiro, investigada no mesmo processo do pai — que apura peculato e formação de quadrilha na desapropriação de obras para a construção do Rodoanel. Tatiana e a irmã, Priscila, tiveram encontros com o advogado Daniel Bialski, que cuidava da defesa de Souza até o começo de maio, quando demonstraram interesse em que o pai se apresentasse logo ao Ministério Público para dar início a um acordo de delação premiada. A prisão da jovem, que chorou durante toda a audiência de custódia, aumenta a pressão para que o pai diga o que sabe. Ambos foram soltos no mesmo dia graças a um habeas-corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes — que já havia liberado Paulo Preto na primeira vez —, mas há a convicção no entorno do presidenciável Geraldo Alckmin de que o ex-diretor não esperará uma terceira visita à carceragem para começar a contar seus segredos. Se atingir o tucano direta ou indiretamente, uma delação de Paulo Preto tem o potencial de soterrar de vez uma campanha presidencial que resiste a decolar. Causa temor na turma de Alckmin a possibilidade de confirmação da suspeita de que, durante o pleito de 2010, quando o candidato tucano à Presidência era José Serra, parte da arrecadação de caixa dois supostamente feita por Paulo Preto junto às empreiteiras tenha servido para cobrir gastos do hoje pré-candidato do PSDB ao Planalto. Delatores da Lava-Jato indicaram o pagamento de mais de 100 milhões de reais a Souza a título de propina. Alckmin nega ter sido beneficiado por qualquer centavo ilícito.

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    Ainda que o barulho em torno de Souza seja causado por suspeitas de doação ilícita apontadas por delatores, o processo do qual o engenheiro é alvo hoje ainda nada tem a ver com a Lava-Jato. Souza é investigado pelo MP de São Paulo por ter presenteado, com a ajuda da filha, pessoas de seu círculo com moradias destinadas a famílias desapropriadas em razão das obras do Rodoanel. A prisão preventiva foi pedida porque ambos estariam tentando intimidar testemunhas do crime de duas formas: pela presença da advogada da Dersa Fatima Luiza Alexandre nas audiências das testemunhas de acusação; e por financiar os custos advocatícios de uma das testemunhas, Priscila Santanna. Além disso, Tatiana teria planejado uma viagem para as Ilhas Maldivas, o que disparou o alerta dos procuradores para o risco de fuga. Gilmar Mendes, mais uma vez, não enxergou nenhum desses perigos. Afirmou que os fundamentos para a detenção eram amparados “tão somente em hipóteses e conjecturas”. Por uma manobra bem-sucedida da defesa de Souza, todos os processos que envolvem o Rodoanel devem cair no gabinete do ministro. Mas nada garante que o ex-diretor da Dersa usufruirá o mesmo tratamento quando começarem a ganhar corpo as denúncias vindas da Odebrecht. Muitas noites em claro ainda esperam pelos tucanos.

    Publicado em VEJA de 6 de junho de 2018, edição nº 2585

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