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O que faltava na estante

Os lançamentos e os clássicos obrigatórios para quem quer mergulhar em 1917

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Duda Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Jerônimo Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Johanna Nublat Atualizado em 6 out 2017, 06h00 - Publicado em 6 out 2017, 06h00
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  • O centenário provou-se uma boa oportunidade para que as editoras preenchessem a lacuna que existia na historiografia sobre a Revolução Russa no Brasil. À parte uma boa variedade de biografias de Stalin, Trotski e Lenin, algumas já esgotadas, e títulos sobre o fim da dinastia Romanov, faltavam obras mais abrangentes sobre a revolução em si, como a análise primorosa feita ao longo de décadas pela australiana Sheila Fitzpatrick, e seus desdobramentos, como a guerra civil, esmiuçada pelo francês Jean-Ja­cques Marie. Dos cerca de cinquenta novos títulos que chegaram ou chegarão às livrarias neste ano, VEJA destaca, a seguir, cinco lançamentos e quatro clássicos.

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    LANÇAMENTOS

    (Divulgação/Divulgação)

    A Revolução Russa, de Sheila Fitzpatrick (tradução de José Geraldo Couto; Todavia; 320 páginas; 54,90 reais ou 38,00 na versão digital)

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    A autora australiana, uma das maiores especialistas do mundo em história soviética, publicou a primeira versão desta obra em 1982, uma década antes do fim da União Soviética. Desde então, o texto passou por três atualizações com o que se descobriu nos arquivos de Moscou — a última delas, neste ano. Trata-se, portanto, do que há de mais recente entre os livros que se propõem a descrever e avaliar o processo revolucionário como um todo, desde suas causas até suas consequências. Sheila apresenta e contextualiza os fatos históricos na Rússia ao longo de um período de quarenta anos, da virada para o século XX até os grandes expurgos do fim da década de 30, com leveza no texto e originalidade na análise. Sem cair na histeria anticomunista, ela demonstra que os bolcheviques e a classe operária só andaram de mãos dadas em 1917 — depois, a relação tornou-se mais complicada — e que o stalinismo não foi uma ruptura dos ideais da revolução, mas um desdobramento do processo começado por Lenin. A Revolução Russa é a melhor opção para quem quer iniciar-se no tema com uma boa visão geral dos acontecimentos, sem desatentar dos seus significados históricos. (D.S.)


    (Divulgação/Divulgação)

    A Revolução que Mudou O Mundo, de Daniel Aarão Reis (Companhia das Letras; 264 páginas; 49,90 reais ou 34,90 na versão digital)

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    O autor, professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense, apaixonou-se pela Rússia ainda criança, lendo livros de aventura. Na juventude, filiou-se à Dissidência Comunista da Guanabara, que realizou o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. Mais tarde, desiludido com o comunismo e crítico de Stalin, dedicou-se ao estudo da literatura e da história da Rússia na academia. Nesta obra, Aarão Reis, que assina um artigo nesta edição (veja na pág. 92),  divide a transição do czarismo para o socialismo em cinco revoluções (a de 1905, as de fevereiro e outubro de 1917, a guerra civil e a revolta dos marinheiros de 1921). É um livro tanto para iniciantes como para iniciados. Dois capítulos são reservados para os personagens esquecidos pelos historiadores. Um fala sobre os camponeses, que foram beneficiados pelo Decreto da Terra mas, depois, sufocados por impostos, se revoltaram e acabaram sendo reprimidos. O outro trata das conquistas efêmeras das mulheres nos primeiros anos do governo soviético. (D.T.)


    (Divulgação/Divulgação)

    História da Guerra Civil Russa, de Jean-Jacques Marie (tradução de Janyne Martini e Patrícia Reuillard; Contexto; 272 páginas; 49,90 reais ou 35,00 na versão digital)

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    Para muitos estudiosos, a Revolução Russa não se encerra em outubro de 1917. Sem a guerra civil que se estendeu até 1921 (ou até 1922, na avaliação do historiador francês Jean-Jacques Marie), os bolcheviques não teriam sido capazes de consolidar a “ditadura do proletariado”. Cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre combatentes e civis, morreram no conflito fratricida, segundo a estimativa mais confiável, seja em batalhas, seja em epidemias ou de fome. Marie recorreu a documentos originais russos para montar um rico relato da guerra, tirando da obscuridade os exércitos Verdes, formados sobretudo por camponeses que se opuseram tanto ao Exército Vermelho (bolchevique) quanto aos contrarrevolucionários do Exército Branco. Vermelhos e Brancos referiam-se aos Verdes como simples bandos armados, mas a verdade é que algumas de suas divisões chegaram a ter mais de 50 000 combatentes organizados. Stalin tratou de apagar os Verdes da história, porque não cabia em seu maniqueísmo nada que fugisse da narrativa binária e revelasse complexidade. (D.S.)


    (Divulgação/Divulgação)

    A Verdade sobre a Tragédia dos Romanov, de Marc Ferro (tradução de Alessandra Bonrruquer; Record; 168 páginas; 39,90 reais)

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    Entre milhões de mortos da revolução e da guerra civil, há sete pessoas que vêm desde então fascinando a imaginação popular e instigando lendas populares: o czar Nicolau II, a czarina Alexandra e seus cinco filhos. Alexei, hemofílico, de 13 anos, e as meninas Anastasia, Maria, Tatiana e Olga, com idade de 17 a 22 anos, foram executados em Ecaterimburgo, cidade dos Urais, na madrugada de 17 de julho de 1918. O francês Marc Ferro, historiador respeitado com vasta obra sobre colonialismo europeu, história do cinema e União Soviética, advoga aqui uma tese heterodoxa: só o czar teria sido morto; sua família teria sido poupada, como moeda de troca em uma negociação entre o governo revolucionário e a Alemanha. Não, a tese não convence, mas Ferro faz uma boa síntese da complicada situação da família real depois da deposição do czar e pondera honestamente os fatos que o contradizem. Para uma reconstituição detalhada da versão mais aceita (a de que toda a família foi executada), o leitor deve buscar Os Últimos Dias dos Romanov (Record), da inglesa Helen Rappaport, publicado no Brasil em 2010. (J.T.)


    (Divulgação/Divulgação)

    Outubro, de China Miéville (tradução de Heci Regina Candiani; Boitempo; 352 páginas; 59,00 reais)

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    Autor de romances como O Rei Rato e A Cicatriz, que ele próprio define como “literatura bizarra” (que contém elementos de ficção científica, fantasia e terror), o britânico China Miéville, de 45 anos, retorna aqui às suas origens acadêmicas, quando fazia doutorado sobre teoria marxista, com um livro de divulgação histórica sobre a Revolução Russa. O resultado é um relato ágil sobre os acontecimentos de 1917, mas sem grandes ideias que ajudem a entender de onde veio e para onde ia a revolução. Miéville tampouco esconde sua simpatia pelos vencedores da história naquele momento, os bolcheviques. Ainda assim, a obra vale pelos detalhes que o consagraram como escritor “bizarro”. “Músicas e danças durante a noite toda, vestidos e gravatas de seda tingida, moscas rondando bolo quente, vômito e bebida entornada. Um sibaritismo de fim de mundo”, assim descreve Miéville os jantares da classe abastada que vivia nas cidades russas pós-czaristas um mês antes do golpe bolchevique. (D.S.)

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    Publicado em VEJA de 11 de outubro de 2017, edição nº 2551

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