Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Datas

Morre Sudan, o último rinoceronte-branco no planeta. Veículo sem motorista da Uber atinge e mata mulher nos Estados Unidos

Por Da Redação Atualizado em 23 mar 2018, 06h00 - Publicado em 23 mar 2018, 06h00

O drama do fim de uma espécie

No Tinder, o aplicativo de relacionamentos românticos, para o qual entrara em abril do ano passado, Sudan buscava mesmo era algum dinheirinho para sobreviver, mais do que uma fêmea. Orgulhava-se, pimpão, de sua excepcionalidade. “Sou único. Sério, sou o último macho de rinoceronte-branco no planeta Terra. Não quero me gabar, mas o destino da minha espécie depende de mim. Tenho um bom desempenho sob pressão. Gosto de comer mato e relaxar na lama. Sem problemas, 1,80 metro de altura e 2 toneladas, se você não se importa.” A campanha, promovida pela organização ambiental Ol Pejeta Conservancy, do Quênia, onde vivia o mamífero, pretendia angariar 9 milhões de dólares para pesquisas de reprodução assistida que pudessem levar a gestações a partir do sêmen guardado do bicho e, em última instância, salvar a espécie.

Sudan era de fato o derradeiro exemplar, tal como postou nas redes sociais. A campanha arrecadou o montante de que precisava, mas Sudan morreu na segunda-feira 19, aos 45 anos. Tinha uma violenta infecção na pata traseira direita. Heroico, sobreviveu à extinção de sua turma, no fim dos anos 70, assassinada por caçadores de chifres (300 000 dólares, valor inflacionado pelas supostas propriedades curativas e afrodisíacas do marfim). Passou um tempo no zoológico de Praga e, no fim da vida, retornou para a África. Deixou uma filha, Najin, e uma neta, Fatu. O único caminho de salvação dos rinocerontes-brancos será a inseminação dessas duas fêmeas com o esperma colhido de Sudan, missão hoje cientificamente improvável.

Para Colin Butfield, diretor da WWF, a mais respeitada ONG de preservação da flora e da fauna do mundo, a morte de Sudan traz embutida uma tragédia mais ampla. “Há uma epidemia de extinção.” Estima-se que, todos os anos, no mínimo 10 000 espécies menos célebres caminhem para o fim. No Quênia, o passamento do “gigante gentil” provocou comoção. “Foi como um lembrete para mostrar quão longe fomos com a matança”, diz Paula Kahumbu, da Wildlife Direct, outra agremiação de defesa dos animais.


A primeira vítima

Elaine Herzberg – De bicicleta, ela foi atingida pelo carro autônomo (Reprodução/Facebook)

No futuro, quando se contar a história dos carros autônomos, o SUV Volvo modelo XC90, de propriedade da Uber, e a americana Elaine Herzberg, de 49 anos, farão parte de uma mesma triste data. No domingo 18, em Tempe, no Arizona, o veículo sem motorista atropelou Elaine, que seguia de bicicleta e morreu. Havia um ser humano no interior do automóvel, para assumir o volante em situação de perigo, mas não deu tempo — e o teste virou tragédia. Baixa iluminação da rua, velocidade de 60 quilômetros por hora do Volvo e uma manobra abrupta da ciclista, tudo somado culminou na colisão fatal. As questões éticas brotaram rapidamente. “De quem será a responsabilidade de acidentes como o de domingo? Da empresa fabricante, do dono do veículo ou da tecnologia?”, indaga o advogado Enrico Roberto, pesquisador da USP. Convém não ser injusto com a novidade. Todos os dias, apenas nos Estados Unidos, 110 pessoas morrem no trânsito. No Brasil são 102 mortes diárias. Um olhar para o passado ajuda a entender que qualquer invenção sofre de dores do parto. No fim do século XIX, uma lei britânica — a Red Flag Law — exigia que todo carro tivesse à sua frente uma pessoa carregando uma bandeira vermelha para avisar os transeuntes da perigosa máquina.

Publicado em VEJA de 28 de março de 2018, edição nº 2575

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.