Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: Enquanto alguns ganham, o Brasil perde

Com o desmatamento, faturam apenas os que agem à margem da lei à custa da destruição de um patrimônio mundial, com enorme prejuízo para o país

Por Da Redação Atualizado em 31 jul 2020, 08h54 - Publicado em 31 jul 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Nascido em Mimoso, em Mato Grosso, o sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon realizou nas primeiras décadas do século XX o épico trabalho de apresentar aos brasileiros um Brasil pouco conhecido. A instalação das estações de telégrafos na Amazônia tinha como objetivo pavimentar um tipo de ocupação na qual a chegada do progresso estava condicionada ao respeito aos indígenas e ao meio ambiente. Brilhante e vanguardista, a filosofia do Marechal Rondon deveria ser seguida como mantra por todos aqueles que exploram a região. Lamentavelmente, não é o que ocorre. Grileiros e alguns fazendeiros inescrupulosos avançam com apetite enorme sobre a mata usando brechas da lei, aproveitando-se das fragilidades de fiscalização, ainda mais precária em tempos de governo Bolsonaro, que tem demonstrado até aqui um descaso inexplicável com um assunto de tamanha importância. Não por acaso, o Brasil vivencia números recordes de desmatamento e, como reflexo direto disso, colhe uma reprovação constrangedora perante a comunidade internacional. O problema, evidentemente, não gera apenas estragos de imagem. Em um mundo no qual há uma crescente e justa preocupação com o tema, consumidores e investidores vêm exigindo de governos e empresas responsabilidade com a preservação ambiental. Hoje, toda a cadeia de fornecedores de matérias-­primas dos países produtores é analisada com lupa — não por ONGs ou grupos de esquerda, mas por gigantes do mundo das finanças. Como resultado disso, grandes companhias têm se afastado da soja e do gado obtidos em áreas desmatadas, em um movimento exponencial e sem retorno. Com o desmatamento ganham apenas os que agem à margem da lei à custa da destruição de um patrimônio mundial, com enorme prejuízo para o Brasil e para a porção majoritária do agronegócio do país, que atua com seriedade e vê com preocupação essa situação.

    Publicidade

    O fenômeno da destruição da Amazônia vem sempre acompanhado de números retumbantes, mas raríssimas vezes se revelam os nomes e engrenagens por trás desse crime. Em um trabalho meticuloso, Edoardo Ghirotto e Eduardo Gonçalves, dois talentosos jornalistas de VEJA, cruzaram dados para jogar luzes sobre o problema e, com base nas multas aplicadas pelo Ibama entre agosto de 2019 e julho de 2020, conseguiram elaborar um ranking com os dez maiores desmatadores do bioma. A partir dessa lista, realizaram uma série de entrevistas para entender quem são essas pessoas e quais os mecanismos que permitem a elas agir impunemente. Enquanto Gonçalves se debruçava em Cuiabá nos processos ambientais e falava com especialistas no assunto, Ghirotto se deslocou com o fotógrafo Caio Guatelli para a cidade de Paranatinga, no interior de Mato Grosso, município que concentra os principais casos e fica a 369 quilômetros de Mimoso, onde nasceu o Marechal Rondon — e a léguas e léguas de distância do espírito com que ele desbravou a Amazônia. O resultado do trabalho dos jornalistas de VEJA pode ser conferido na reportagem que começa na pág. 26.

    Publicado em VEJA de 5 de agosto de 2020, edição nº 2698

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.