Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Cada vez menores

Estudo de biólogos americanos indica como as ações humanas ao longo de milênios levaram à gradual — e preocupante — redução do tamanho dos animais

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 abr 2018, 06h00 - Publicado em 27 abr 2018, 06h00

No período histórico conhecido como Pleistoceno, que começou há 2,6 milhões de anos e durou até 11 700 anos atrás, a fauna, a flora e o clima do planeta eram completamente diferentes do que vemos e sentimos na atualidade. Há 125 000 anos, os humanos do gênero Homo, que evoluíram de seus ancestrais australopitecos, conviviam com imensos mamíferos que então habitavam a Terra. Mamutes, preguiças-gigantes e tigres-dentes-de-sabre, que agora pareceriam invenções de filmes de ficção científica, dividiam espaço com o mais antigo representante de nossos ancestrais na África Subsaariana. Com o transcorrer dos milênios, essas espécies enormes desapareceram gradualmente (veja o infográfico abaixo). Passaram de uma massa média de 69 quilos para os 17 quilos atuais. De acordo com um estudo publicado pela Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, o peso mais comum de um mamífero daqui a 200 anos poderá ser de singelos 7 quilos. E o maior animal terrestre não deverá mais ser um imponente elefante, como hoje, mas uma vaca.

A pesquisa sustenta que esse ritmo de diminuição dos animais tem como origem uma única razão: as ações praticadas ao longo dos séculos pelo homem, que, além de caçar de forma excessiva, criou ferramentas com as quais transforma o planeta, remodelando a natureza e levando ao encolhimento de hábitats, agora tomados por cidades. Com essa nova configuração do meio ambiente, não há mais espaço — literalmente — para mamutes e tigres-dentes-de-sabre. De acordo com os biólogos da Universidade do Novo México, os humanos modificaram e continuam modificando tanto a natureza que, em poucos séculos, vai se tornar inviável a existência de elefantes e ursos fora de zoológicos — a não ser que medidas conservacionistas revertam essa toada. Para chegar a tal conclusão, analisaram-se dados da massa dos animais extintos desde o Pleistoceno, somando-se a eles a massa das espécies que não desapareceram ao longo dos milênios. Com isso, calculou-se a média do tamanho dos mamíferos em cada era. Em seguida, contabilizou-se o atual peso médio dos mamíferos existentes, desenhando-se assim o estágio em que estamos.

Para projetar como será o cenário em 200 anos, com a vaca imperando como o maior animal terrestre (não foram levados em conta os aquáticos, a exemplo das baleias), consideraram-se informações como as contidas na lista de animais à beira de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza. Conclusão: o desaparecimento de espécies sempre esteve, em parte, condicionado ao tamanho e ao peso. Quanto maior fosse o animal, maior seria seu risco de sumir da natureza em definitivo. Eles perderam a Arca de Noé.

Continua após a publicidade

“Provamos que as mãos do homem, de nossos ancestrais e as nossas, em todos os continentes, é que levaram ao sumiço de muitos animais magníficos que passaram pela Terra”, disse a VEJA a bióloga americana Felisa Smith, coordenadora da pesquisa. “Não há mais como cogitar que a extinção tenha sido um processo natural, de mera seleção.” Ao considerar que a projeção para o futuro desenhada pela equipe de Felisa revela a vaca como o maior entre os mamíferos, isso significa ainda que estão sob risco os últimos representantes da megafauna que predomina há 125 000 anos — como elefantes, girafas e rinocerontes. No entanto, há uma vantagem inegável em relação ao passado: hoje, o ser humano tem boa noção de como suas escolhas afetam os outros seres vivos do planeta. Diz Felisa: “É preciso uma vontade política global de preservação de ecossistemas. Ou então não veremos mais esses belos animais entre nós”.

Publicado em VEJA de 2 de maio de 2018, edição nº 2580

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.