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Youssef reforça posição ‘anti-Bolsonaro’ com festival contra censura em SP

Evento reúne obras 'desautorizadas' pelo presidente; 'Em São Paulo, a palavra 'filtro' tem outro nome: censura', diz secretário de Cultura

Por Luís Lima
15 jan 2020, 16h50

Quando assumiu o cargo de secretário de Cultura de São Paulo, há exato um ano, Alê Youssef definiu uma prioridade: fazer uma defesa ampla da área, em contraponto à expectativa do que seria a gestão no âmbito federal, do presidente Jair Bolsonaro. Doze meses depois, avalia ter cumprido a missão, que ganhou eco nos recentes “ataques” do presidente, com medidas como o corte de patrocínio de estatais e a diminuição do teto da Lei Rouanet.

Youssef é categórico ao afirmar que, “sim”, há censura no país. E justifica: “O governo Bolsonaro repetidamente diz ‘filtro’ para categorizar filmes que podem ou não ser apoiados com verba pública, peças que podem ou não acontecer em espaços de entidades do governo.” Na capital paulista, diz que é diferente. “Em São Paulo, a palavra ‘filtro’ tem outro nome: censura.”

Para coroar a estratégia de se posicionar como “antítese” ao governo federal, a gestão Youssef idealizou um evento com manifestações culturais (entre peças, filmes, shows e rodas de conversa) que sofreram algum tipo de censura ou reprovação, como Bruna Surfistinha, longa-metragem que Bolsonaro declarou que ser inadmissível. “O festival Verão sem censura, é, de fato, uma grande declaração de apoio da maior cidade do país à fundamental liberdade de expressão”, diz sobre o evento, que começa na próxima sexta-feira e vai até o fim de janeiro. “Pode ser visto como contraponto a diversas ações desestruturantes da cultura”, completa. O grupo Porta dos Fundos, alvo de polêmica recente devido à produção de um especial de Natal com Jesus gay, exibido na Netflix, chegou a ser convidado, mas ainda não retornou.

Em ano de eleições municipais, Youssef avalia ser normal que seu chefe, o prefeito Bruno Covas (PSDB), pré-candidato à reeleição, colha os eventuais dividendos políticos de sua gestão cultural. “É natural que, no período eleitoral, o prefeito absorva os ganhos de visibilidade que a ação cultural tem na cidade”, diz. A compreensão da cultura como fator gerador de emprego, renda e diminuição da desigualdade é compartilhado com Covas, a quem Youssef diz ser “totalmente alinhado”. Desconversa no entanto, sobre o risco de a mesma gestão fomentar a reprovação da parte bolsonarista da cidade de São Paulo, que pode não se identificar com o protagonismo dado à área cultural. “Não tenho essa capacidade de analisar esse nível, do que vai ou não acontecer”, afirma.

Com mais um ano pela frente, destaca os próximos eventos da agenda cultural paulistana, com o primeiro carnaval sob sua gestão, a Virada Cultural, e as atrações de instituições símbolos para a cidade como o Theatro Municipal e a Biblioteca Mário de Andrade. Coloca-se à disposição de Covas, para dar continuidade aos trabalhos, em caso de reeleição, mas, se isso não acontecer, quer que sua passagem pela secretaria seja lembrada como a de “defesa” e “trabalho” pela cultura em um momento marcado por uma série de “devaneios obscurantistas”. “Estar na maior cidade do país, no momento em que a cultura, em nível federal está sendo atacada é absolutamente estratégico.” 

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