Apesar de constar nos registros da Câmara dos Deputados como lotada no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, a ex-secretária parlamentar Walderice Santos da Conceição admitiu que nunca esteve em Brasília.
A declaração foi dada em depoimento prestado ao Ministério Público Federal e gravado em vídeo em novembro de 2018. A gravação só se tornou pública agora, após a apresentação da ação à Justiça Federal do Distrito Federal e foi uma das provas apresentadas pelo MPF na ação de improbidade administrativa ajuizada contra Bolsonaro. O presidente é suspeito de desviar recursos ao manter Walderice como funcionária fantasma do seu gabinete durante 15 anos.
Os deputados federais podem manter funcionários em seus estados de origem, mas a investigação identificou que Wal do Açaí, moradora de Angra dos Reis (RJ) e conhecida na cidade por possuir uma loja comercial para venda do alimento, estava registrada na Câmara dos Deputados com lotação em Brasília. Segundo a ação de improbidade, o próprio Jair Bolsonaro assinava os atestados de frequência ao trabalho, confirmando, de maneira falsa, que ela estaria atuando na Câmara.
No depoimento, Wal disse que ia apenas a reuniões de associações de moradores, ver o que Bolsonaro estava precisando e passava a ele por telefone. Perguntada sobre a frequência com a qual conversava com o então deputado, disse que falava com ele uma vez por mês. Wal afirmou desconhecer projetos apresentados por Bolsonaro, admitiu que nunca elaborou minutas para assessoramento dele na Câmara nem o assessorou em reuniões ou sessões de comissões.
A ex-secretária parlamentar lembrou ainda que era responsável por cuidar do cachorro de uma casa que Bolsonaro mantinha na região de Angra dos Reis, o que era um serviço particular sem nenhuma relação com o exercício parlamentar.
O Palácio do Planalto não se manifestou sobre as acusações.