MPF denuncia Jair Bolsonaro e Wal do Açaí por improbidade
Processo não tem resultado prático para o presidente enquanto ele estiver com mandato; assessora na Câmara em 2003 não dava expediente em Brasília
O MPF no DF acaba de enviar à Justiça Federal em Brasília uma denúncia por improbidade administrativa contra o presidente Jair Bolsonaro e a sua ex-secretária parlamentar na Câmara Walderice Santos da Conceição, conhecida como “Wal do açaí”.
A informação foi confirmada em nota divulgada nesta terça pelo próprio MPF, que indicou que a ação foi distribuída à 6ª Vara Federal do DF. O processo não deve ter resultados práticos por ora para o presidente, já que o chefe do executivo não pode ser responsabilizado no curso de seu mandato por atos estranhos ao exercício de suas funções.
Mesmo assim, o MPF diz que “a ação pede que os requeridos sejam condenados pela prática de improbidade administrativa, bem como ao ressarcimento dos recursos públicos indevidamente desviados”.
“Walderice foi indicada pelo então deputado federal Jair Bolsonaro em fevereiro de 2003 para ocupar o cargo de secretário parlamentar junto ao seu gabinete em Brasília, onde permaneceu lotada até agosto de 2018, quando foi exonerada, após o caso ser divulgado na imprensa. A investigação revelou que, durante esses mais de 15 anos, Walderice nunca esteve em Brasília, não exerceu qualquer função relacionada ao cargo e ainda prestava, juntamente com seu companheiro, Edenilson Nogueira Garcia, serviços de natureza particular para Bolsonaro, em especial nos cuidados com a casa e com os cachorros de Bolsonaro na Vila Histórica de Mambucaba. Além do mais, apesar de expressa vedação, Walderice cuidava de uma loja de açaí na região”, registra o MPF.
Segundo a procuradoria, a análise das contas de Wal mostrou uma movimentação atípica, já que 83% da remuneração recebida pela funcionária era sacado em espécie. Segundo o MP, “Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento de que Walderice não prestava os serviços correspondentes ao cargo e, mesmo assim, atestou falsamente a frequência dela ao trabalho em seu gabinete para comprovar a jornada laboral exigida pela Câmara dos Deputados, de 40 horas semanais, e, assim, possibilitar o pagamento dos salários”.