Votação de Mabel surpreende e revela insatisfação com Marco Maia
Base governista não esperava que o deputado do PR alcançasse os 106 votos
Como era de se esperar, o deputado federal Marco Maia (PT-RS) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, em Brasília. O petista obteve 375 votos e venceu com facilidade o segundo colocado, deputado Sandro Mabel (PR-GO), que somou 106 votos. Mesmo assim, dizem alguns integrantes da base governista, o resultado revela diversas insatisfações e manda um recado para o novo presidente da Casa.
A votação esperada para Maia era de mais de 400 votos. Além disso, o comando da campanha do petista não imaginava que Mabel superasse os 50 votos. Os outros dois candidatos, Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Chico Alencar (Psol-RJ), acabaram com nove e dezesseis votos, respectivamente. Três parlamentares votaram em branco. “Mais do que 70 votos para Mabel significa uma amostra das várias insatisfações da base e de outros partidos com a candidatura de Marco Maia”, afirmou um integrante do alto escalão dos partidos.
O deputado petista era vice-presidente da Câmara até o ano passado, quando o vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP), ocupava a presidência da Casa. Durante sua campanha, Maia acabou fechando acordo com diversas legendas e lideranças, prometendo respeitar os espaços na Mesa Diretora de partidos da oposição, como o PSDB, que tem a terceira maior bancada da Câmara, atrás de PT e PMDB. Obviamente, essas e outras promessas não agradaram aos partidos menores da base – como PTB, PSC e PDT -, que se sentem excluídos das decisões importantes na Casa.
Expulsão de Mabel – Mesmo com uma candidatura avulsa, sem o apoio de seu próprio partido, Mabel conseguiu superar as expectativas. Isso porque o próprio PR fechou acordo formal em apoio a Marco Maia e ameaça, inclusive, expulsar Mabel da legenda pelo que foi considerado uma “desobediência ao estatuto do partido”. Nesta terça-feira, o secretário-geral do PR, deputado Waldemar da Costa Neto, deu um ultimato para Mabel deixar o partido. Até às 10 horas desta quarta-feira, ele deve pedir para sair da legenda, caso contrário o PR abrirá um processo de expulsão contra o parlamentar e reivindicará seu mandato na Justiça Eleitoral.
Manobras de Maia – A candidatura de Marco Maia surgiu após uma série de manobras que desagradou a petistas e peemedebistas que já articulavam apoio à candidatura do deputado Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara e favorito pelo Planalto, quando aconteceu uma reviravolta. O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) desistiu de sua pré-candidatura, mas em favor de Maia e não do líder do governo, como era esperado. Dessa forma, fizeram-se as contas e concluiu-se que, em um eventual embate entre Vaccarezza e Maia, o petista gaúcho sairia vencedor. Vaccarezza desistiu da disputa.
Rodízio – Vaccarezza dialogou muito com o PMDB durante a campanha eleitoral e acordos sobre o rodízio na presidência da Casa – um biênio para o PT e outro para o PMDB – já estavam engatados desde o final do ano passado. Não que isso tenha mudado. Em 2013, muito provavelmente, será o deputado Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara, o novo presidente da Câmara, substituindo Marco Maia.