O vice-presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), presta depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília na tarde desta quarta-feira sobre seu suposto envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato. O depoimento é tomado por delegados da PF e por procuradores federais. Na semana passada, a PF e o MP também ouviram o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, suspeito de envolvimento com a Lava Jato no Rio de Janeiro.
Raupp é alvo de dois inquéritos. Um deles investiga se houve formação de quadrilha para fraudar a Petrobras. O outro apura se o senador recebeu dinheiro desviado por empresas com contratos na estatal e lavou os valores.
Em acordo de delação premiada, o doleiro Alberto Youssef afirmou que operacionalizou o pagamento de 500.000 reais para a campanha de Raupp ao Senado de 2010. O valor teria, segundo o doleiro, saído da cota do PP e seria decorrente de sobrepreços em contratos da Petrobrás.
Em depoimentos colhidos na Operação Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse ter arrecadado 30 milhões de reais para o caixa 2 da campanha de Cabral ao governo do Rio em 2010.
Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal absolveu Raupp do crime contra o sistema financeiro nacional. Todos os ministros da Primeira Turma do STF entenderam que não há envolvimento do senador no desvio de recursos de um convênio entre o Banco Mundial e o Estado de Rondônia, entre 1995 e 1998, período em que foi governador.
Cunha e Gleisi Hoffman – O relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, prorrogou as investigações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) por mais 60 dias. A decisão ocorre uma semana depois de Teori ter aceitado estender as investigações de 20 dos 26 inquéritos abertos no STF para apurar o envolvimento de 50 pessoas no esquema de corrupção que desvio recursos da Petrobras.
Os nomes de Cunha e Gleisi foram citados pelos delatores da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Cunha é suspeito de receber, junto com o seu partido, o PMDB, propina paga por empresas contratadas pela Petrobras. Em depoimentos prestados após acordo de delação premiada, Youssef diz que o deputado chegou a pressionar um empresário para retomar pagamentos, depois de a propina supostamente paga a ele ter sido suspeita.
Já a senadora petista é suspeita de ter recebido 1 milhão de reais em contribuição para sua campanha ao Senado em 2010 de recursos que teriam sido desviados da Petrobrás. O suposto pagamento à campanha da senadora foi citado tanto por Youssef quanto por Costa. Apesar das investigações, Cunha e Gleisi têm negado qualquer envolvimento com os casos apurados na Lava Jato.
(Com Estadão Conteúdo)