Na tarde da quarta-feira 11, o subprocurador-geral da República Augusto Aras, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), se reuniu com a bancada do PT no Senado, em mais um capítulo do périplo que antecede sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. O senador petista Rogério Carvalho (SE), um dos presentes no encontro que classificou como “amistoso”, afirma que vê “com simpatia” o nome de Aras.
“Eu vejo com muita simpatia o nome dele (Augusto Aras)”, disse a VEJA o senador. “O posicionamento da bancada ainda não me foi passado. Acredito que, ao longo da semana, teremos uma posição conjunta sobre a votação, mas diria que a sabatina será decisiva para a posição final do partido”, acrescentou.
Segundo Carvalho, Aras expôs à bancada do PT sua preocupação em “renovar” o Ministério Público, trazendo-o para as suas “prerrogativas constitucionais”. Para o senador, o fato do subprocurador-geral ter sido escolhido por Bolsonaro sem estar na lista tríplice eleita pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) não é uma “preocupação central” dos parlamentares petistas.
“O que a gente quer é que a condução do Ministério Público se dê respeitando todo o regramento jurídico e constitucional. Isso é o central. Quem indica é o presidente. Importa, de fato, o tipo de compromisso institucional que ele demonstrou e apresentou, o que nos deixou satisfeitos”, disse.
Nos bastidores, a indicação de Augusto Aras foi criticada pela possibilidade de o subprocurador-geral se alinhar ideologicamente às bandeiras do bolsonarismo. Em sua live nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, na quinta-feira 5, que buscou uma pessoa que fosse “nota 7 em tudo” para o cargo na PGR.
Embora afirme que o posicionamento de Aras sobre as “pautas de costume” não tenha sido abordado no encontro, o petista destacou que a bancada reforçou a necessidade de o Ministério Público ser “um instrumento para representar os interesses da sociedade e garantir que isso tudo seja feito a partir da Constituição, sem ativismos, excessos de protagonismo e a mistura que temos visto entre Judiciário, Ministério Público e polícia”. “Essas misturas tornam o cidadão muito vulnerável, porque a força do Estado contra qualquer pessoa é incalculavelmente desproporcional e acaba cerceando os direitos fundamentais”, acrescentou.