O ex-ministro petista Antonio Palocci afirmou, em depoimento à Justiça Federal no âmbito da Operação Zelotes, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prorrogou uma Medida Provisória que beneficiava o setor automotivo em troca de dinheiro para o filho Luís Claudio Lula da Silva. O ex-petista é testemunha de acusação no processo.
Segundo Palocci, o filho de Lula o procurou em sua consultoria, em São Paulo, entre o final de 2013 e o início de 2014, para que o ajudasse a obter de empresas ao menos 2 milhões de reais para viabilizar um de seus empreendimentos. Mas o próprio Lula, segundo o ex-ministro da Fazenda, teria lhe informado já ter obtido o dinheiro com o lobista Mauro Marcondes, também denunciado.
A operação Zelotes foi deflagrada em 2015 pela Polícia Federal para investigar a venda de medidas provisórias e supostas irregularidades em julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), vinculado ao Ministério da Fazenda. O órgão é responsável por julgar a validade de cobranças feitas pela Receita Federal. Segundo as investigações, houve intensa negociação envolvendo empresas e conselheiros do Carf, no esforço de reduzir e até anular multas.
Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o petista, disse que Palocci aproveitou seu depoimento para “fazer afirmações sem qualquer relação o processo, com o nítido objetivo de atacar a honra e a reputação do ex-presidente Lula e de seu filho Luis Claudio”. Zanin destacou que o ex-ministro não fala com isenção e tem interesse em manter as vantagens que obteve em acordo de delação.