O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), deixou para o fim do ano a votação na qual os deputados vão escolher o nome do colega que vai ocupar a cadeira da ministra Ana Arraes no Tribunal de Contas da União (TCU). Ela se aposenta no fim de julho. Quando retornar ao Congresso depois das eleições gerais, Lira já vai saber se precisará usar a vaga como moeda de troca com um novo governo e qual o tamanho dos partidos com os quais vai negociar votos para sua reeleição à Presidência da Casa.
A briga pela nova vaga no tribunal ganhou contornos curiosos ao longo dos últimos meses devido à demora para Lira pautar a votação. O voto é secreto e os nomes dos candidatos já estão postos há meses.
O presidente da Casa, que costuma ser enérgico quando trata de algum tema de interesse próprio ou do governo, segurou a eleição ao longo do primeiro semestre e, em conversas reservadas, previu a votação para 5 de julho. No início do mês, entretanto, avisou os líderes que a escolha do novo integrante do TCU ficaria mais para a frente –leia-se fim do ano, já que a campanha eleitoral começa oficialmente em agosto. A partir do próximo mês, o Congresso praticamente para de funcionar e os parlamentares se concentram nas campanhas em seus estados.
O adiamento desagradou os deputados, que esperavam um desfecho para a situação. Postergar a eleição para o TCU para o fim do ano é um risco para os candidatos e para o próprio Lira. Primeiro porque a configuração de forças na Câmara vai ser diferente por causa da bancada eleita em outubro. Os parlamentares que não conseguirem se reeleger dificilmente vão estar preocupados com os projetos pessoais dos colegas que postulam o cargo.
E, se Lula (PT) ganhar de Jair Bolsonaro (PL), o poder de barganha dos grupos que estão no comando da Casa pode diminuir significativamente –incluindo o do próprio Lira, já que a oposição vai trabalhar para que ele não seja reeleito à presidência da Câmara.