Trio ligado a Cachoeira deve repetir silêncio na CPI
Wladimir Garcez, Jairo Martins e Idalberto Matias, o Dadá, estão dispostos a repetir a tática adotada pelo chefe do bando nesta terça-feira
O silêncio de Carlinhos Cachoeira nesta terça-feira deve ecoar no plenário da CPI também na quinta, quando os parlamentares pretendem ouvir três comparsas do contraventor. O comando da Comissão Parlamentar de Inquérito acredita que Wladimir Garcez, Jairo Martins e Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, vão ignorar as perguntas para não correr o risco de se incriminar.
“Estou preocupado. A quinta-feira pode ser uma reedição do que nós vimos nesta terça”, afirma o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB). O silêncio dos inquiridos não é propriamente inédito. Mas, em investigações do tipo, também é comum que, por motivos pragmáticos ou altruístas, um dos acusados rompa com o restante do bando e resolva falar.
Não é o que deve ocorrer nesta quinta. Dois dos convocados, Jairo e Dadá, chegaram a pedir, sem sucesso, o adiamento do depoimento por três semanas, como havia feito Cachoeira.
Sigilo – Ao mesmo tempo em que lamenta o possível silêncio dos acusados, o senador Vital diz que o ponto-chave da CPI é o material obtido com a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico dos envolvidos no esquema. “A gente teve uma ansiedade muito grande em ouvir aqueles que já foram ouvidos”, pondera o presidente.
O relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), mantém o otimismo: “Cachoeira consignou que pode vir em um segundo momento nesta CPI e colaborar. Cada acusado e cada depoente terá sua tática de defesa e um comportamento próprio. Esperamos que outros depoentes possam colaborar”, diz ele.
O trio cujo depoimento está marcado para esta quinta-feira tem ligações estreitas com Cachoeira. Wladimir Garcez, ex-vereador de Goiânia, era um dos coordenadores do bando. Jairo Martins e Dadá tinham a função de “arapongas” na quadrilha. A comissão ainda deve ouvir mais de 50 pessoas ligadas ao grupo.
Cachoeira – A CPI deve votar a reconvocação de Carlinhos Cachoeira no dia 5 de junho. Nessa data, o contraventor já deve ter participado de uma audiência no processo de instrução a que responde na 11ª Vara Federal de Goiás, o que seria uma condição para que ele diga o que sabe ao Congresso.
“Ele tem um julgamento marcado para o dia 31 de maio e 1º de junho na 11 vara criminal e não vai falar antes disso”, diz o advogado do contraventor, Márcio Thomaz Bastos. Além de votar um novo pedido de convocação, a CPI vai pedir ao tribunal uma cópia do depoimento de Cachoeira ao tribunal.
Leia no blog de Reinaldo Azevedo
Assistimos ontem a um triste e previsível espetáculo na CPI. É claro que os parlamentares não têm nada com isso. Carlinhos Cachoeira, instruído por Márcio Thomaz Bastos, uma figura única nas democracias do mundo inteiro – já expliquei por quê -, recorreu a seu direito de permanecer calado. Coube à senadora Kátia Abreu (PSD-TO) tirar o grupo da monocórdia letargia e encaminhar um requerimento para pôr fim àquela pantomima. Se Cachoeira e Bastos continuassem ali a ouvir as questões, os parlamentares seriam transformados em laranjas da defesa.
Como a CPI sai do enrosco?