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‘Tratamento precoce’: cidade-modelo de Bolsonaro tem 100% da UTI ocupada

Presidente disse que irá a Chapecó (SC) para mostrar o 'trabalho excepcional' no município, que, no entanto, já adotou até lockdown para conter a pandemia

Por Camila Nascimento Atualizado em 7 abr 2021, 17h10 - Publicado em 6 abr 2021, 12h09

Chapecó, cidade de 224.000 habitantes no oeste de Santa Catarina que foi usada por Jair Bolsonaro como um exemplo de sucesso do chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19, tem atualmente 100% dos leitos de UTI ocupados em razão da pandemia. A polêmica terapia, que é defendida com frequência pelo presidente, consiste no uso de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina e outros, todos sem comprovação científica contra a doença.

Durante o seu discurso em cerimônia de entrega de casas populares em São Sebastião, cidade-satélite do Distrito Federal, na segunda-feira, 5, Bolsonaro disse que o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), defensor do “tratamento precoce”, tem feito um “trabalho excepcional” e é um “exemplo a ser seguido”.

O presidente anunciou que visitará a cidade catarinense nos próximos dias. “Deixo claro que, na quarta-feira ou quinta-feira, estarei em Chapecó. Visitarei lá o prefeito João Rodrigues, que fez um trabalho excepcional no tocante aos recursos dados pelo Estado e no atendimento na ponta da linha de quem necessitava do tratamento. É uma obra fantástica por parte dele. É um exemplo a ser seguido, por isso estou indo para lá. Para não só ver, mas para mostrar a todo o Brasil que o vírus é grave e que seus efeitos têm como ser combatidos”, afirmou o presidente. Ele também disse que no município “o médico tem a liberdade total para trabalhar com o paciente” e que isso é “uma obrigação e um direito dele”. “Não tem remédio específico, ele trata da melhor maneira possível, por isso os índices foram lá para baixo”.

A pandemia em Chapecó, no entanto, mostra sinais de descontrole desde o final de 2020. Só a partir de janeiro deste ano, quando o atual prefeito assumiu o cargo, ocorreram 414 das 537 mortes registradas no município em toda a crise sanitária. Também neste ano foram contabilizadas 12.284 infecções pela Covid-19 — o total acumulado é de 33.853 casos.

A cidade tem atualmente 193 pessoas internadas, sendo que 129 delas estão na UTI, onde não existem mais vagas. Já os leitos de enfermaria do SUS estão com 82% de ocupação. O aumento nas taxas de ocupação de terapia intensiva já vinha ocorrendo desde 5 de dezembro — desde 7 de fevereiro, o município tem 100% das vagas de UTI do SUS ocupadas.

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Na tentativa de impedir um colapso no sistema de saúde da cidade, o prefeito precisou recorrer ao lockdown parcial por quatorze dias — a prática é alvo frequente de críticas por parte de Bolsonaro. Rodrigues decretou o fechamento do comércio, bares e restaurantes e determinou a adoção de toque de recolher. As atividades não essenciais voltaram a funcionar normalmente no início de março. 

Redes sociais

Assim que foi citado por Bolsonaro como exemplo de sucesso no uso do “tratamento precoce”, Chapecó passou a ser difundida por perfis bolsonaristas nas redes sociais — como o da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), que postou na manhã desta terça-feira, 6, dois vídeos do prefeito falando sobre o expediente que adotou na cidade. O município foi parar nos trending topics (assuntos mais comentados do Twitter).

O episódio lembra o ocorrido com a cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo, que também foi alçado pelo bolsonarismo à condição de exemplo no “tratamento precoce”, embora esteja enfrentando o aumento de casos e mortes e altas taxas de ocupação de leitos de UTI.

 

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