A defesa do presidente Michel Temer (PMDB) será entregue à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara já nesta quarta-feira, em uma tentativa de acelerar os trabalhos na CCJ. O advogado de Temer, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, planeja fazer a sustentação oral da defesa na comissão, dentro do prazo de dez sessões que o presidente tem para se defender ante os parlamentares.
De acordo com um auxiliar presidencial, o governo aposta na sustentação oral de Mariz para convencer os deputados a aprovar um relatório contrário à aceitação da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de corrupção passiva.
Apesar de ter maioria no Congresso, o governo ainda não tem certeza se possui todos os votos necessários para barrar a denúncia. A aprovação de um relatório contrário pela CCJ ajudaria a facilitar o caminho para que a denúncia seja rejeitada em plenário.
A defesa de Temer vai bater na versão já difundida de que a denúncia é “inepta” e fez uso de provas ilícitas, referindo-se à gravação da conversa entre o presidente e o empresário Joesley Batista, da JBS.
No lado político, o próprio presidente e seus auxiliares mais próximos intensificam as conversas políticas para conquistar votos, especialmente entre o grande número de parlamentares que ainda se colocam como “indecisos”. Nesta terça-feira, a maior parte da agenda do presidente será dedicada a receber parlamentares (veja a relação abaixo).
No mesmo dia, o presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) deve anunciar o relator da denúncia na comissão. Apesar de ser do partido do presidente — e ter recebido cargos para acelerar a discussão e indicar alguém favorável ao governo, como confirmou uma fonte palaciana –, Pacheco tem feito Temer esperar.
O presidente da comissão diz que vai indicar um “perfil técnico” para a função. “Ele quer ser candidato ao governo de Minas Gerais, já está pensando em 2018. Está jogando para a plateia”, disse a fonte. O governo quer votar o relatório na CCJ no dia 13, para a partir daí a matéria poder ir para o plenário da Câmara.
Para o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), se a defesa de Temer for realmente apresentada na quarta-feira, é possível encerrar o prazo de cinco sessões de deliberação até a semana seguinte e então votar o relatório na CCJ. “E votando na CCJ no dia 13, nós estaríamos com o pedido de denúncia pronto para levá-lo a plenário, logicamente que a definição dessa data é do presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ)“, disse Moura. “Eu espero que esse processo possa ser concluído até o prazo do período do recesso parlamentar”, concluiu Moura. O recesso começa em 18 de julho.
Maratona
Em sua agenda desta terça-feira, o presidente Temer deverá se reunir com 21 parlamentares, entre as 8h e as 21h30.
Dos dezesseis deputados que figuram na lista, seis são integrantes da CCJ — Ronaldo Fonseca (PROS-DF), Evandro Gussi (PV-SP), Lelo Coimbra (PMDB-ES), Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC), Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Roberto de Lucena (PV-SP).
Veja abaixo os compromissos do presidente:
08h – deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF)
08h30 – senador Wilder Morais (PP-GO)
09h – deputado Evandro Gussi (PV-SP)
10h – senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO)
10h30 – Ricardo Barros – ministro da Saúde
11h – senador Telmário Mota (PTB-RR)
11h30 – deputada Christiane de Souza Yared (PR-PR)
12h30 – deputada Bruna Furlan (PSDB-SP)
15h – senador Roberto Rocha (PSB-MA)
15h30 – deputado Goulart (PSD-SP)
16h – senador Pedro Chaves dos Santos Filho (PSC-MS)
16h30 – senador José Maranhão (PMDB-PB)
17h – deputado Luiz Lauro Filho (PSB-SP)
17h30 – deputado Wilson Filho (PTB-PB), vice-líder, e o ex-senador WilsonSantiago, presidente do PTB na Paraíba
8h – deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), líder da maioria na Câmara
18h30 – deputado Rogerio Peninha Mendonça (PMDB-SC)
19h – deputado José Priante (PMDB-PA)
19h30 – deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE)
20h – deputado Alfredo Kaefer (PSL-PR)
20h30 – deputado Átila Lins (PSD-AM)
21h – deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) e deputado Sinval Malheiros(PODE-SP)
21h30 – deputado Roberto de Lucena (PV-SP)
(Com Reuters)