O presidente Michel Temer (PMDB) disse, em entrevista à rádio BandNews nesta segunda-feira, que terá sucesso na rejeição pela Câmara dos Deputados da denúncia feita contra ele pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva em decorrência das revelações trazidas pela delação da JBS. A autorização legislativa é necessária para que o Supremo Tribunal Federal (STF) possa processá-lo.
“Eu tenho esperança, no sentido de quase certeza, digamos assim, absoluta, de que nós vamos ter sucesso na Câmara dos Deputados”, disse Temer, para quem é possível ver a “inépcia da denúncia”. “Estarei muito obediente àquilo que a Câmara decidir. Há cerca de 363 indecisos. Você sabe que os indecisos são aqueles que vão dar o seu voto no último momento. Os que são contra dizem logo que são contra”, afirmou.
O presidente disse ainda que, quando a Câmara tomar conhecimento de sua defesa, não dará andamento ao pedido da Procuradoria-Geral da República. “Quando a Câmara tomar conhecimento técnico da defesa que será feita, que serão meras explicações, verá que a votação necessária para processar a denúncia não se dará. Isso tenho quase absoluta certeza”, afirmou.
O presidente negou relatos de que estaria abatido, dizendo-se animado com indicadores econômicos divulgados recentemente e com a queda da inflação. “Você sabe que eu estou animadíssimo. Essas coisas me revitalizam. Eu li em uma coluna [da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo] que estava abatido, que minha família estava abatida. Será que o meu cachorro está abatido? Isso é realmente irreal. Estou cada vez mais animado”, afirmou.
Relator
A primeira denúncia de Janot contra Temer começou a tramitar na semana passada na Câmara dos Deputados, mas terá nesta terça-feira o seu primeiro dia decisivo, quando será definido o relator da acusação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Apesar de ser do mesmo partido de Temer, o deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) disse que vai indicar um relator que seja técnico e independente.
Na comissão, há 66 deputados, sendo que a maioria deles – em torno de 40 – integra a base governista. O governo, no entanto, não conta com todos os votos dos partidos aliados. No plenário, são necessários 2/3 dos votos – ou 342 parlamentares – para que seja aprovada a abertura de processo contra o presidente.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)