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Cui Bono: entenda operação que levou ex-ministro Geddel à prisão

Investigação derivada da Lava Jato apura esquema de corrupção envolvendo a Caixa Econômica Federal e políticos do PMDB, como o ex-deputado Eduardo Cunha

Por Da Redação Atualizado em 3 jul 2017, 18h51 - Publicado em 3 jul 2017, 18h46

O que é?

Operação desencadeada pela Polícia Federal em 13 de janeiro deste ano para investigar uma quadrilha, que incluía políticos e outros agentes públicos, que arrecadava propinas na Caixa Econômica Federal. A ação foi um desdobramento da Operação Catilinárias, derivada da Lava Jato, lançada em dezembro de 2015, e foi desencadeada a partir de um celular encontrado na casa de Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, que registrava trocas de mensagens dele com Geddel Viera Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo no governo Temer

O que quer dizer Cui Bono?

Em latim, significa “a quem interessa?”

Eduardo Cunha deixa a sede da PF após depor
O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso desde outubro de 2016, deixa a sede da PF após depor em Curitiba, no dia 14 de junho deste mês (Jonathan Campos/Gazeta do Povo/Folhapress)

Quem é investigado?

Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro da Secretaria de Governo de Temer

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Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara

Fábio Ferreira Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal

Lúcio Bolonha Funaro, doleiro e operador de Eduardo Cunha

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AMEAÇA - O doleiro Lúcio Funaro: seu depoimento é uma amostra do estrago que ele pode causar
O doleiro Lúcio Funaro, operador de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e que negocia delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (Alexandre Schneider/VEJA)

Qual é o crime investigado?

Segundo o Ministério Público Federal, Geddel, Cunha e Funaro, contando em alguns momentos com a participação de Cleto, desviaram “de forma reiterada recursos públicos a fim de beneficiarem a si mesmos, por meio do recebimento de vantagens ilícitas, e a empresas e empresários brasileiros, por meio da liberação de créditos e/ou investimentos autorizados pela Caixa Econômica Federal em favor desses particulares”

Como funcionava o esquema?

Entre os documentos encontrados pela PF, estavam papéis com uma relação de empresas que pleiteavam empréstimos e financiamentos na Caixa, além de informações detalhadas sobre taxas de juros, prazos das transações e os valores de cada operação. Uma folha, destacada com o título “Pipe Line Geddel” (o equivalente a “Duto Geddel”), faz referências a companhias como Eldorado, Flora, Vigor, Bertin e J&F – esta dona do frigorífico JBS. Há ainda outro material, chamado de “Pendência Geddel”, que lista uma série de operações de crédito envolvendo a J&F, a Hypermarcas e a Gol.

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(Reprodução/Reprodução)

Depois de defender os pleitos de cada companhia, Geddel repassava informações confidenciais para os demais integrantes da quadrilha, como Cunha e Funaro, para que pudessem achacar  empresas que pleiteavam recursos do banco estatal. As propinas eram pagas tanto em contas na Suíça como em dinheiro vivo e para empresas de Funaro.

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A principal prova da atuação da quadrilha está em mensagens enviadas do celular de Cunha para Geddel. Ao discutirem o caso Marfrig, em julho de 2012, Geddel reporta ao ex-deputado que o “voto sai hj”, em referência à liberação dos recursos que beneficiariam a empresa. Um mês depois, a Marfrig, quando estava com a corda no pescoço e prestes a se desfazer de alguns negócios para quitar a sua dívida, fechou um empréstimo de 350 milhões de reais com Caixa.

Ao longo das investigações da Operação Lava Jato, MPF e Polícia Federal já haviam recolhido indicativos da atuação criminosa de Cunha junto ao fundo de investimento do FGTS (FI-FGTS). Em delação premiada, Fábio Cleto detalhara que o esquema era replicado na Caixa, tanto na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, presidida pelo próprio Cleto, quanto na vice-presidência de pessoa jurídica, sob responsabilidade de Geddel.

Geddel relata, também por mensagem, a Cunha pendências do grupo J&F Investimentos com o FI-FGTS e avisa: “Fala p regularizar la”. No caso do Grupo Bertin, cujos dirigentes também caíram na rede de investigações do escândalo da Petrobras, a PF mapeou uma mensagem de setembro de 2012 na qual Cunha intercede junto a Geddel em favor do grupo e cobra: “Precisa ver no assunto da Bertin a carta de conforto com os termos que necessita”.

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A relação entre os integrantes da quadrilha não era um mar de rosas. Conforme revelou o Radar, Funaro chegou a falar de Geddel a Cunha referindo-se a ele como “porco folgado” e disse estar disposto a sair na porrada: “tenho total condição”.

Apesar de estar fora da operação deflagrada nesta sexta-feira, o empresário Eike Batista também está na mira dos investigadores. A Polícia Federal encontrou mensagens de Cunha que tratam de negócios do interesse do fundador do grupo EBX. Em abril de 2012, o ex-presidente da Câmara mandou mensagem para uma pessoa identificada como Gordon Gekko. O apelido, uma referência ao especulador do mercado financeiro interpretado pelo ator americano Michael Douglas no filme Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme, era usado por Cleto. “E Eike?”, indagou Cunha. “Eike tudo bem, abordado o tema do FI”, respondeu Cleto.

Em 2012, Funaro diz a Cleto: “Tem que ver essa situação da Comport e Hypermarcas aí dentro pra andar rápido porque eles dois tão contribuindo com o Chalita e querem a contrapartida”. Em 2012, Gabriel Chalita foi candidato a prefeito de São Paulo pelo PMDB. A investigação não conclui se Chalita recebeu alguma doação do esquema.

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