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Substituto de Mandetta é amigo de empreiteiro e atuava no setor privado

Nelson Teich é próximo a Meyer Nigri, empresário que aproximou o presidente da comunidade judaica

Por Edoardo Ghirotto, Eduardo Gonçalves e Mariana Zylberkan
Atualizado em 16 abr 2020, 18h35 - Publicado em 16 abr 2020, 16h58

O anúncio do oncologista Nelson Teich para chefiar o Ministério da Saúde é uma ironia do destino. Teich era cotado para assumir a pasta durante o período de transição para o governo de Jair Bolsonaro e só não foi nomeado porque o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), conseguiu o apoio das bancadas da saúde e evangélica para indicar Luiz Henrique Mandetta para o posto. Mandetta foi demitido nesta quinta-feira, 16, após sucessivas discordâncias com Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus.

O oncologista fez carreira no setor privado e não tem intimidade com a gestão do Sistema Único de Saúde, que deverá ser um de seus principais desafios frente ao crescimento de casos graves de Covid-19 no Brasil. Devido a essa falta de experiência na administração do SUS, parte da comunidade médica vê com ressalvas a indicação de Teich para chefiar o ministério. Por outro lado, sua indicação contou com o aval da Associação Médica Brasileira. “Ele é uma pessoa que tem os predicados científicos necessários para enfrentar a pandemia”, afirmou a VEJA Lincoln Lopes Ferreira, diretor da AMB.

Em um artigo recente, Teich defendeu a manutenção do isolamento social irrestrito, o que se opõe ao desejo do presidente de segregar apenas as pessoas que pertencem a grupos de riscos. Na publicação, o oncologista diz que a estratégia respaldada por Bolsonaro e os seus apoiadores “tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema”. Em seu discurso de posse no Ministério da Saúde, no entanto, Teich disse que não faria nenhuma mudança brusca na questão do isolamento social, mas deixou claro que está totalmente alinhado a Bolsonaro na política de combate à Covid-19 e que vai trabalhar para o país voltar ao normal o mais rápido possível. Antes de apresentá-lo como o novo titular da pasta, o presidente defendeu a flexibilização da quarentena. 

Teich é amigo do empreiteiro Meyer Nigri, dono da construtora Tecnisa. Nos últimos dias, Nigri vinha fazendo lobby junto a Bolsonaro para que o oncologista assumisse o ministério. O empreiteiro doou 9 000 reais para a candidatura de Bolsonaro e até hoje se mantém como um dos empresários mais próximos ao presidente.

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Também foi Nigri que abriu as portas para Bolsonaro se aproximar do reservado núcleo da comunidade judaica de São Paulo na campanha de 2018. O secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, é outro nome influente entre os judeus paulistas que endossou a indicação de Teich para o cargo.

Formado em medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Teich atuou como consultor informal para a área de saúde na equipe de campanha de Bolsonaro. Fundador e presidente do grupo Clínicas Oncológicas Integradas (COI), ele assessorou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, de setembro de 2019 a janeiro de 2020.

Mandetta foi demitido por Bolsonaro numa conversa de 30 minutos no Palácio do Planalto. Ele afirmou que o tom foi pacífico, sem sobressaltos, ao contrário do clima beligerante que pautou a relação entre eles nas últimas semanas. Na reunião, Mandetta frisou que não poderia entregar o que o presidente queria e desejou que tudo desse certo com o novo ministro.

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