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Serraglio reitera que sofreu pressão de Aécio para nomear delegado da PF

Para ex-ministro da Justiça, conversas entre Aécio e Joesley esclarecem que ele não cedeu às pressões do tucano

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 20 abr 2018, 19h43 - Publicado em 20 abr 2018, 19h00
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  • O deputado federal Osmar Serraglio (PP-PR) afirmou na última terça-feira 17, no plenário da Câmara, que sofreu pressões dos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Renan Calheiros (MDB-AL) quando era ministro da Justiça. O discurso ocorreu durante julgamento do caso de Aécio no Supremo Tribunal Federal (STF) que o tornou réu por corrupção passiva e obstrução de justiça. Nesta sexta-feira 20, ao ser questionada, a assessoria de imprensa de Serraglio reiterou a acusação.

    O ex-ministro da Justiça diz que trechos das gravações telefônicas entre Aécio e Joesley Batista, dono da JBS, deixam claro que ele se recusou a ceder às pressões do senador mineiro que tinha por objetivo emplacar um novo delegado da Polícia Federal de sua preferência. No diálogo, o senador mineiro aparece chamando Serraglio de um “bosta do c****”.

    O tucano disse a Joesley que estava insatisfeito com Osmar Serraglio porque, de acordo com o senador, ele não controlava a Polícia Federal (PF) e a Operação Lava Jato. A partir dessas conversas e de depoimentos da delação de executivos do grupo J&F, o STF aceitou a denúncia contra Aécio nesta semana.

    “Pressões semelhantes advieram do senador Renan Calheiros, ex-Presidente do Congresso Nacional, multi-investigado pela Polícia Federal”, continuou o deputado em plenário. Segundo Serraglio, as pressões sofridas foram um dos principais fatores que “instabilizaram” sua permanência na Pasta. Ele foi demitido do Ministério da Justiça no ano passado em meio aos rumores de que poderia ser citado em delação premiada da Operação Carne Fraca.

    Em nota, Renan disse que “não se prestaria a falar” com Serraglio. “Pelo contrário… virei oposição ao governo Temer justamente quando ele assumiu o ministério indicado, e teleguiado, pelo Eduardo Cunha. Quem conhece minimamente a política sabe que eu jamais me relacionei com esse grupo. Pelo visto, esse Osmar continua com a carne fraca”, disse Renan.

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    Já a defesa do senador Aécio afirmou que ele “jamais” tentou interferir na nomeação de delegados para a condução de qualquer inquérito. “Essa questão é afeita exclusivamente à PF, que não se submete a esse tipo de ingerência”, justificou.

    O advogado do tucano, Alberto Zacharias Toron, sustentou que todas as conversas que Aécio teve sobre o tema foram “no sentido de mostrar seu inconformismo com inquéritos abertos sem qualquer base fática, em especial, com a demora em serem concluídos, levando a um inevitável desgaste”.

    Além disso, o advogado afirma que o senador mineiro procurou Osmar Serraglio para desculpar-se sobre “termos inadequados utilizados para referir-se” ao então ministro da Justiça. “Com relação aos termos inadequados utilizados para referir-se ao então ministro, em conversa privada criminosamente gravada pelo Sr Joesley Batista, o senador telefonou diretamente a ele à época, desculpando-se pelas expressões utilizadas”, afirmou o comunicado. A defesa de Aécio reafirma “não ter havido nenhuma atitude imprópria de sua parte e lamenta que isso possa ter sido entendido de forma diversa”.

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