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Procuradores da Suíça indicam que novos nomes vão surgir na Lava Jato

Com mais de 100 casos criminais em andamento, investigadores dizem que ainda trocam informações com o Brasil sobre contas suspeitas

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 20 abr 2018, 18h31 - Publicado em 20 abr 2018, 17h12

Novos nomes de pessoas implicadas na Lava Jato ainda vão aparecer. Quem garante isso são os investigadores suíços que, três anos depois de iniciar inquéritos, revelam que ainda estão trocando informações sobre dezenas de contas envolvendo verdadeiras fortunas com o Brasil. Hoje, mais de 100 casos criminais estão em andamento na Suíça contra envolvidos na operação.

“Do ponto de vista da Suíça, o caso definitivamente não terminou”, confirmou o procurador-geral da Suíça, Michael Lauber. Questionado se isso significa que novos nomes ainda aparecerão, seu adjunto em Berna, Jacques Rayroud, deixou claro: “Acho que vocês escutarão”. “Acredito que exista ainda muita informação a ser fornecida. Mas as trocas de dados (entre Brasil e Suíça) são muito boas. Nesse momento, acredito que o Brasil tenha tido acesso a uma grande parte”, disse o procurador.

Apesar dos avanços nos trabalhos e dos elogios dos suíços aos procuradores brasileiros, Lauber insiste que cabe ao Brasil julgar e oferecer provas para que possa recuperar o dinheiro ainda bloqueado. “Não trabalhamos para o Brasil. Trabalhamos para a Suíça”, disse, ao justificar o fato de que um volume de cerca de 2,8 bilhões de reais continua bloqueado em contas no país europeu, três anos depois do início dos inquéritos. “Ainda temos 800 milhões de dólares bloqueados. O objetivo é fazer a investigação. Isso significa que temos lavagem de dinheiro ou corrupção internacional. Mas precisamos ter o delito original”, disse.

“Liberar o dinheiro não depende apenas de nós, mas de todos os implicados, e isso pode ainda durar”, indicou o procurador-geral. Além de estabelecer o crime original, a ideia é que a informação prestada pelo Brasil permita que os suíços possam, então, entrar na história para investigar. “Não estamos aqui para duplicar o trabalho ou fazê-lo em seu lugar. Mas para ajudar e lutar contra o abuso do mercado financeiro suíço”, disse.

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O MP suíço confirmou em um informe anual que, de uma forma geral, bloqueou mais de 1 bilhão de dólares em ativos relacionados a suspeitos citados na Lava Jato. Desse total, pouco mais de 200 milhões de dólares foram repatriados ao Brasil. “O futuro desse dinheiro é devolvê-lo aos seus donos de direito, sejam quem forem. Mas, para isso, certamente precisamos de ajuda dos demais”, insistiu. “Não queremos esse dinheiro, se ele não é daqui”, garantiu.

Lauber lamentou o fato de a força-tarefa conjunta entre Suíça e Brasil jamais ter sido formada. O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot havia fechado um entendimento com Berna. Mas, em 2016, o projeto foi bloqueado no Ministério da Justiça e jamais entrou em vigor.

Segundo Lauber, o mecanismo teria sido importante no início do processo, quando se estabelecia ainda o crime principal. Hoje, ele não seria prioridade. “Mas sempre enfatizamos a importância de uma força conjunta”, disse. “Seria um dos primeiros casos de uso desse instrumento para combater corrupção. Mas aceitamos que, neste momento,  isso não é uma prioridade no Brasil. Ainda assim, não está totalmente encerrado”, afirmou.

Rayroud, procurador-geral adjunto, destacou o fato de que só foi possível lidar com o volume de informação da Lava Jato após a criação de uma força-tarefa dentro do MP suíço, que reuniu especialistas de diferentes departamentos dentro da Procuradoria. Segundo ele, o grupo se reúne uma vez por semana para “gerar prioridades e estabelecer estratégias”.

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Todos em Berna, porém, insistem que a cooperação com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, continua “excelente”. “Não vemos nenhum tipo de impedimento”, disse Lauber, lembrando que uma missão de seu gabinete foi ao Brasil no início do ano para trocar informações e ouvir réus.

Bancos

Parte do objetivo dos suíços em manter o processo é descobrir como suas instituições poderiam ter colaborado com o esquema no Brasil. Segundo Lauber, a investigação está em uma nova fase, na qual também se passa a examinar o papel dos intermediários suíços.

Por enquanto, um processo criminal já foi aberto contra um banco suíço. Mas o MP não descarta que outros possam ser alvo de processo. Outro foco dos suíços é na ampliação da cooperação para o restante da América Latina. “Esse é um caso que tocou todo o continente. Existem muitos países que estão interessados (em cooperar com a Suíça)”, completou.

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Os procuradores insistem que, mesmo depois do acordo de leniência da Odebrecht em dezembro de 2016, os inquéritos continuaram e mais de cinquenta pedidos de cooperação foram apresentados por governos estrangeiros para que Berna repasse dados bancários de suspeitos. Além disso, os suíços buscam informações sobre operadores e gestores suíços que tenham participado do esquema.

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