Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Sem plano B, governo adia criação de imposto para a saúde

Única alternativa seriam os recursos do petróleo da camada pré-sal. Em 2016

Por Gabriel Castro
13 set 2011, 19h52
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Depois que o governo recuou da intenção de criar um imposto para financiar a saúde – ao menos em 2011, o tributo não sairá do papel – surgiu uma dúvida. De onde virão os recursos que, segundo o Executivo, eram imprescindíveis para amenizar a crise no setor? A resposta mais simples é: de lugar nenhum. O Planalto adiou o debate sobre a volta da CPMF, mas não tem um plano B.

    Publicidade

    A União tem disponíveis para gastar com saúde este ano 71,5 bilhões de reais. Se a CPMF ainda existisse, esse montante seria de mais de 100 bilhões. O senador José Agripino Maia (RN), presidente do DEM, diz que o Executivo não precisa de novas fontes de recursos para melhorar a situação da Saúde: “É preciso fazer um plano de contenção dos gastos. O governo tem que rasgar na própria carne e racionalizar as contas públicas”, diz.

    Publicidade

    O líder da minoria na Câmara, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), concorda: “Há recursos nos cofres da União. O que falta é o governo reconhecer isso.” Ele cita como exemplo a caridade feita pelo Planalto com o governo do Paraguai: o Brasil multiplicou o valor pago pela compra da energia excedente da usina de Itaipu.

    Lideranças do governo estão cientes de que a criação de um imposto seria a única alternativa viável a médio prazo para aumentar o volume de recursos para a saúde. Outras ideias, com a da legalização dos bingos e do uso de parte de recursos do excesso da arrecadação, não estão em debate.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Pré-sal – O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), vê uma solução a médio prazo: ele diz que, em menos de cinco anos, os recursos do petróleo da camada pré-sal vão garantir um grande aporte no caixa do setor. “De 2015 em diante, nós passamos a ter uma fonte permanente de recursos para a saúde”, diz ele, lembrando que parte dos recursos do pré-sal deverá ir, obrigatoriamente, para a saúde. De fato, a previsão é de que os royalties do petróleo passem de 21,5 bilhões anuais em 2010 para 60 bilhões em 2016. Mas e até lá? Pimentel lembra que o novo formato de partilha desses recursos, que deve ser aprovado no Congresso nas próximas semanas, distribui riquezas que eram concentradas no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Em tese, as verbas adicionais vão ajudar os governos e prefeituras a aumentar os investimentos em saúde.

    O comprometimento, no entanto, teria de surgir de um acordo informal: o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), diz que não é viável alterar o texto que trata dos royalties para incluir uma vinculação compulsória de parte desses recursos para a saúde. Ele afirma que o governo não descartou a criação de outro imposto, apenas adiou o debate para o ano que vem. “Vamos ter que discutir isso. Nesse cenário de crise financeira internacional, o momento não é de debater a criação de impostos”, afirma Jucá, que reconhece: o Executivo não tem uma alternativa para suprir os recursos que reforçariam o caixa com o novo tributo.

    Publicidade

    E a oposição pretende se aproveitar do recuo momentâneo do Executivo. Nesta terça-feira, os líderes da Câmara fecharam um acordo para adiantar em uma semana a votação da Emenda 29, que atualiza o porcentual que os governantes devem destinar à saúde: os partidos oposicionistas não devem criar problemas para a aprovação de três Medidas Provisórias em pauta. Em troca, os aliados aceitam votar o projeto da saúde uma semana antes, já no dia 21. A estratégia é aprovar a proposta e derrubar definitivamente a Contribuição Social para a Saúde (CSS), prevista no texto da emenda, antes que o governo mude de ideia. Dessa forma, se quiser criar um tributo para o setor, o Planalto teria de recomeçar o debate do zero e enfrentar um desgaste ainda maior.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.