Subordinada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afastou do caso, nesta quarta-feira, o delegado da Polícia Civil responsável pelas buscas na casa de Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na cidade de Paulínia (SP), na noite de ontem.
Segundo nota da SSP, o secretário Mágino Barbosa Filho determinou “procedimento administrativo para apurar em que condições ocorreu uma diligência de busca e apreensão” e que o afastamento do policial ocorre “para preservação das investigações”. A busca foi realizada após uma denúncia sobre uso de drogas no local, mas nada foi encontrado. O órgão também ressalta que a responsabilidade pelo mandado foi da juíza Marta Brandão Pistelli.
Marcos Cláudio é filho do primeiro casamento da falecida ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva e foi adotado pelo ex-presidente. Ele teve uma breve atuação na vida pública: foi diretor de Turismo e Eventos da prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) e pré-candidato a vereador pelo PT em 2008, mas teve a postulação barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nesta terça-feira, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente e seu neto, apontou “caráter abusivo” na ação da Polícia Civil. “A busca e apreensão, feita a partir de denúncia anônima e sem base, não encontrou no local o porte de qualquer bem ou substância ilícita, o que é suficiente para revelar o caráter abusivo da medida.”
Repercussão
A ação da polícia paulista contra Marcos Cláudio gerou reação de nomes proeminentes do PT. No Twitter, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) classificou a diligência como uma “invasão”, “mais uma ação abusiva cometida por exibicionismo midiático”. “Não havia nenhuma investigação em andamento, e a invasão da casa de Marcos Cláudio foi baseada apenas numa denúncia anônima falsa”, completou.
A petista ainda relacionou o caso com o suicídio de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que tirou a própria vida depois que foi preso pela Polícia Federal e afastado da função, suspeito de desviar recursos de programas de educação a distância (EaD) da UFSC. “Arbitrariedades policiais como estas levaram ao suicídio do reitor da UFSC, um homem a quem não se deu direito de defesa”, escreveu a ex-presidente na rede social.
Em Brasília, a busca na residência do filho adotivo do ex-presidente foi o gancho para que o líder do partido na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), defendesse a volta do projeto de lei sobre abuso de autoridade para a pauta do Congresso. “Estamos vivendo no Brasil um verdadeiro abuso das autoridades policiais, que fazem perseguições a pessoas, não só da política, mas também a pessoas comuns”, disse.