“Se não quiser votar nele, tranquilo”, diz Bolsonaro em apoio a Crivella
Presidente disse que "não tem muita polêmica, não" sobre apoio à reeleição do atual prefeito porque respeita outros escolhidos por seus apoiadores
Diluindo o apoio entre outros candidatos a prefeito e vereadores do país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou seu endosso à reeleição do atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), cuja candidatura vem derretendo nas pesquisas eleitorais.
O anúncio, que havia sido antecipado pelo deputado federal Otoni de Paula (PSC) em suas redes sociais e em live com Crivella, foi dado na tradicional transmissão ao vivo do presidente, veiculada na noite desta quinta-feira, 29. O nome de Crivella foi o último dentre os prefeitos e vereadores brasileiros listados por Bolsonaro.
O apoio veio justamente pela queda de Crivella nas pesquisas. Bolsonaro dissera anteriormente que não iria se manifestar em relação a um eventual apoio a candidatos durante o 1º turno.
“A grande polêmica é São Paulo e Rio de Janeiro. Pelo que me parece, uma grande parte dos eleitores dessas capitais ainda não decidiram pelo seu prefeito”, disse Bolsonaro, antes de introduzir postulantes apoiados por ele.
Seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), foi o terceiro citado entre os candidatos arrolados por Bolsonaro – Carlos concorre à reeleição na Câmara dos Vereadores do Rio. VEJA apurou que o vereador estaria inseguro quanto à sua reeleição na capital fluminense.
Sobre Carlos, o presidente declarou: “É meu filho, sou suspeito para falar dele. Ajude o Carlos Bolsonaro a ser reeleito, que vai continuar me ajudando bastante aqui em Brasília”.
“Vira e mexe, leva pancada da imprensa. Por quê? Porque me ajuda. Se me atrapalhasse, não levava pancada”, prosseguiu, exibindo o cartaz do filho e vereador carioca.
Por último, o presidente anunciou o apoio a Crivella. “E terminando agora, um nome que dá polêmica, né. Porque o Rio de Janeiro sempre é polêmico. Eu tô aqui com o Crivella, tá certo. Conheço ele há muito tempo. Foi deputado federal comigo. Depois foi ser senador [e] prefeito do Rio de Janeiro”, declarou.
“Mas isso tem a ver com pedir votos lá pela administração do Rio de Janeiro. Nós sabemos que tem mais dois nomes lá concorrendo. Um lá, que é de um partido X, o tal do Ciro Gomes falou que, se ela ganhar, vai ser o chefe da Casa Civil dela. Terrível, né”, lamentou Bolsonaro, aludindo à candidatura de Martha Rocha (PDT), que está tecnicamente empatada com Crivella, de acordo com as últimas pesquisas.
VEJA revelou com exclusividade na semana passada que Ciro Gomes estaria sendo cotado para a pasta.
Em seguida e sem citar nomes, o presidente falou sobre a candidatura do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), líder isolado nas intenções de voto à Prefeitura do Rio. “Eu não quero tecer críticas, é um bom administrador. Mas eu fico aqui com o Crivella”, disse.
Bolsonaro, então, acrescentou: “Que não tenha muita polêmica, não. Se não quiser votar nele, fique tranquilo. Não vamos brigar entre nós por causa disso aí porque eu respeito os seus candidatos também”, finalizou.
Em setembro, Crivella foi alvo da Operação Hades, do Ministério Público estadual, que apura um esquema de corrupção nas secretarias municipais do Rio. As investigações ainda estão em andamento.
Segundo Otoni de Paula, o presidente deve gravar seu apoio a Crivella para ser veiculado na campanha eleitoral até a próxima segunda-feira, 2. Procurada, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República não se manifestou até o fechamento da reportagem.
A assessoria de campanha de Crivella ainda não se manifestou sobre o apoio.