Salles: Doação do G7 seria importante, mas ações não dependem de ajuda
Ministro concedeu entrevista pouco após o Planalto declarar que não aceitará US$ 20 milhões oferecidos por governos internacionais contra queimadas
Pouco após o anúncio de que o governo brasileiro não aceitará os 20 milhões de dólares – equivalentes a cerca de 83 milhões de reais – oferecidos pelo G7, o grupo das nações mais ricas do mundo, para combater incêndios na Amazônia, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, comentou o caso em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira 26. Salles mais cedo já havia dito que o dinheiro seria bem-vindo e voltou a reconhecer a importância da ajuda, mas ponderou que as ações do governo federal não dependem de colaboração externa.
“Do que eu li na imprensa, os 20 milhões de dólares [oferecidos pelo G7] viriam através da colocação de equipamentos. Sendo assim, me parece uma ajuda importante de ser aceita”, disse o ministro, que depois fez um contraponto: “mas as medidas necessárias para conter o fogo e combater o desmatamento ilegal estão sendo adotadas pelo governo federal independentemente de qualquer ajuda estrangeira”.
“Houve um descontingenciado de 39 milhões de reais, um volume de recursos significativo, e deve dar fôlego às atividades da GLO (Garantia da Lei e Ordem) em andamento”, completou Salles. Ainda sobre o tema, ela afirmou que avaliar a necessidade de reforço em equipamentos não depende de seu ministério, mas, sim, do “Ministério da Defesa ou do grupo de combate ao fogo nos Estados”.
O ministro, que já questionou abertamente o trabalho de ONGs que recebiam recursos do Fundo Amazônia, negou ter sabotado o projeto, que destinava recursos de outros países para ações de preservação da floresta e recentemente teve a suspensão das doações dos governos da Alemanha e Noruega. “Não sabotamos o Fundo Amazônia. Nós restabeleceremos o fundo Amazônia tão logo a gente consiga acordar as regras que propomos”, declarou.
Como uma das medidas para reduzir o quadro crescente de incêndio, Salles admitiu a possibilidade de se proibir queimadas na região amazônica durante o período de seca. Segundo o ministro, estão sendo avaliadas questões legais para que um decreto seja elaborado.
“É uma possibilidade bastante concreta, é o que nós queremos fazer, mas precisa ter fundamento, pois tem a questão dos entes federativos e cada 1 tem as suas competências. Há uma discussão que talvez a competência para isso seja dos Estados. Amanhã [terça-feira], nós vamos ter uma resposta final”, disse.
Nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro voltou a se reunir com ministros para tratar dos incêndios na floresta. Após a conversa com o presidente, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, disse que a situação na Amazônia está controlada e que cerca de 2.700 militares das Forças Armadas estão prontos para atuar na região.
Ainda nesta segunda, o governo teve novo embate com o presidente da França, Emmanuel Macron, que falou sobre conferir status internacional à floresta. “Sobre a Amazônia falam brasileiros e as Forças Armadas”, rebateu o porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros.