Não era de hoje que o ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes espalhava toda sorte de teoria conspiratória no grupo de troca de mensagens usado pelos integrantes do TCU. A mais frequente delas eram posts com ataques às urnas eletrônicas e com contestações à segurança do equipamento de votação – sempre com a convicção de que haveria mesmo fraude nas eleições. Mas foi o vazamento de um áudio em que faz um discurso golpista segundo o qual seria questão de dias para “acontecer um desenlace forte na nação” que desencadeou uma operação de bastidores para estancar maiores desgastes para a imagem do tribunal.
Partiram de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como Gilmar Mendes e Dias Toffoli, por exemplo, a ideia de que Nardes deveria se licenciar do cargo para evitar que a crise escalasse de patamar e o alerta de que o áudio poderia desencavar episódios pouco edificantes do passado recente do ministro.
Autorizado por Toffoli, em junho de 2018 Nardes foi alvo de uma operação de busca e apreensão após ter sido citado na delação premiada do ex-subsecretário de Transportes do Rio Luiz Carlos Velloso. De acordo com o delator, ele pagava despesas pessoais do ministro e, a partir de operações dele com o empresário Fernando Cavendish, Nardes teria recebido recursos para beneficiar a construtora Delta, de Cavendish, no TCU.
Entre colegas da Corte de Contas, a avaliação é a de que o ministro é dado a “fanfarronices” e gosta de gabar-se de ter trânsito e acesso a informações reservadas do governo, mesmo que isso não seja necessariamente verdade. É nesse contexto, dizem integrantes ouvidos sob reserva por VEJA, que Augusto Nardes declara no áudio enviado por WhatsApp a um grupo ligado ao agronegócio que falou com a equipe do presidente Jair Bolsonaro e que o mandatário “certamente terá condições de enfrentar o que vai acontecer no país”. Com declarações desta natureza, afirmam interlocutores do TCU, ele ganharia prestígio entre produtores rurais com os quais mantém negócios.