Reforma Tributária: o teste de fogo de Rodrigo Maia
Projeto ganha adesão da oposição, preocupa o governo e vira prova de força para a eleição à Presidência da Câmara em 2021
Na última terça-feira, os ministros Paulo Guedes, da Economia, e Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política, buscaram saber detalhes sobre o andamento da Reforma Tributária, um dos projetos mais importantes que tramitam no Congresso, e chamaram para uma reunião os deputados Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB), autor e relator da matéria. No encontro, pouco – ou nada – avançou.
Os governistas questionaram as prioridades da medida, fizeram críticas ao texto e até aos economistas que ajudaram a rascunhá-lo, como Bernard Appy e Marcos Lisboa. Como resposta, ouviram dos deputados mais uma vez que uma nova versão da CPMF não estará no pacote desenhado pelos parlamentares.
Como a sucessão à presidência da Câmara também é assunto dominante, os ministros ouviram ainda um recado claro: o de que a própria base estava atrapalhando a tramitação do projeto, conforme mostra reportagem de VEJA desta edição. Os deputados querem fazer a Reforma Tributária avançar com ou sem o apoio do governo. Ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Rossi e Ribeiro estão costurando com a oposição um texto consensual para levar a proposta ao plenário ainda neste ano.
Os partidos de esquerda, por exemplo, querem tributar heranças e patrimônio. “Se essa reforma avançar, estaríamos migrando de uma política econômica 100% liberal para uma socialista”, disse o ministro Fábio Faria, das Comunicações, sobre as negociações com a esquerda.
O esforço é considerado um relevante teste da força política de Maia e do tamanho do seu poder de aglutinação para a eleição à presidência da Câmara no ano que vem. Isso porque para aprovar a medida, que exige uma mudança constitucional, são necessários ao menos 308 votos, número que corresponde justamente ao bloco que Maia tenta fechar para a disputa de 2021.
Rodrigo Maia afirma que não será mais uma vez candidato, mas são poucos os que acreditam que o presidente jogou a toalha. O maior indicativo disso é o fato de o deputado não apontar quem será o parlamentar que ganhará o seu apoio. Nos bastidores, fala-se que o democrata espera uma definição do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre se é possível ou não que ele concorra a mais um mandato para se posicionar em definitivo.