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Raoni, que subiu rampa com Lula, foi vigiado pelos militares

Cacique foi monitorado durante anos pelo Centro de Inteligência do Exército e pelo Serviço Nacional de Informações

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 jan 2023, 12h51

O cacique Raoni, que subiu a rampa com o presidente Lula durante a posse, já foi alvo de críticas pesadas do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em discurso na Assembleia Geral da ONU em 2019, o ex-capitão afirmou que Raoni era uma espécie de fantoche, manipulado por interesses de outras nações. “Muitas vezes alguns desses líderes, como o Cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros”, disse Bolsonaro. Na época, o cacique rebateu: “O presidente não pensa no povo indígena. Ele está se aproveitando desse momento para acabar com a nossa gente”.

Bolsonaro repetiu uma crítica que era muito difundida durante a ditadura. Durante anos, Raoni foi monitorado pelo extinto Serviço Nacional de Informações e pelos centros de inteligência militares por se posicionar em defesa da demarcação de reservas indígenas. Nesse período, ele foi  alvo de pelo menos vinte relatórios dos órgãos oficiais de espionagem.

O cacique chamou a atenção das autoridades quando liderou um massacre de onze trabalhadores a golpes de borduna, em 1980, na reserva do Xingu. Desde então, era observado de perto. Em 1984, o CIE  emitiu um alerta sobre a existência de armamento em posse dos índios: “Os índios apresentaram-se fortemente armados e dispostos a violência no sentido de suas reivindicações serem atendidas”. A preocupação do governo militar era com a irradiação do poder de mobilização de Raoni para outras áreas.

Relatório do CIE
Relatório do CIE sobre o cacique Raoni – reprodução (reprodução/Reprodução)

Mesmo após o fim do regime militar, os órgãos de inteligência do governo continuaram a monitorar os passos do cacique. Documento do SNI de maio de 1989, por exemplo, narra as viagens do cacique ao lado do cantor Sting. A dupla visitou dezessete países com o objetivo de arrecadar funfos para as campanhas de demarcação de terras.

“Há na opinião pública mundial, principalmente europeia, passionalismo no trato da questão Ecologia, que favorece ao radicalismo de posições no referente à intocabilidade de nichos ecológicos e ao sucesso de campanhas como a que o cantor Sting desenvolve”, diz o documento. Para os agentes, as declarações da comitiva de Sting e do cacique fomentavam “o descaso e o preconceito com que as autoridades brasileiras tratam as questões indígenas e ecológica”.

Num documento datado de setembro de 1989, o SNI afirma que Raoni havia declarado que a Rain Forest International Foundation, que administrava os recursos para demarcar terras indígenas, já tinha arrecadado 1 milhão de dólares na época. Era uma insinuação sem provas de que o objetivo da campanha era meramente financeiro.

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