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PSDB apela por união do centro contra polarização entre Bolsonaro e Haddad

Partido espera que ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atue como 'facilitador' de coalização para que o centro deixe de ser 'boi indo para o matadouro'

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 17h09 - Publicado em 20 set 2018, 11h00
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  • A crescente polarização entre os candidatos do PSL, Jair Bolsonaro, e do PT, Fernando Haddad, nas últimas pesquisas de intenção de voto levou o PSDB, de Geraldo Alckmin, a articular a retomada de um movimento pela união dos candidatos do chamado “centro democrático”, possivelmente caminhando em torno de um único presidenciável já antes do primeiro turno.

    Segundo o deputado Marcus Pestana (MG), secretário-geral da legenda tucana, trata-se de uma iniciativa para “quebrar a inércia” e criar uma alternativa às candidaturas de Bolsonaro e Haddad, que considera serem “ameaças à democracia”. “Esses dois candidatos têm 44% na pesquisa do Datafolha. Ou seja, mais da metade das pessoas não se identifica nem com um extremo nem com outro. O que estamos apelando aos candidatos é que pensem nisso e tenham compromisso e ação política em favor do futuro do país”, afirmou a VEJA o parlamentar.

    Os candidatos em questão seriam Alckmin, Marina Silva (Rede), João Amoêdo (Novo), Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB). Somados, os cinco postulantes teriam 24% das intenções de voto, índice acima de Haddad, mas ainda abaixo de Bolsonaro. Pestana diz que não se descarta incluir Ciro Gomes (PDT), em terceiro com 13%, “se ele não fizer questão de se excluir e se inviabilizar”.

    A ideia é que o “facilitador”, uma espécie de fiador do diálogo, seja o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), liderança que mantém interlocução com os postulantes. “O Fernando Henrique tem moral ética e política e trânsito com todos e, por isso, ele poderia ser um facilitador. Não propor um formato, mas facilitar as pessoas a conversarem. Um coordenador da mesa de negociação”, explicou Pestana.

    O secretário-geral do PSDB pondera que, apesar de Alckmin ser o candidato entre os citados que tem as maiores intenções de voto entre os citados, não significa, necessariamente, que uma eventual união teria de ser em torno dele. “Seria um gesto de arrogância do PSDB entrar na mesa de negociações com uma postura rígida e única. Não é assim que se conversa.”

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    No Fórum Amarelas Ao Vivo, promovido por VEJA nesta quarta-feira 19, Alckmin afirmou que Haddad irá para o segundo turno e que ele é o único capaz de vencer o petista. “Entendem que Bolsonaro pode derrotar o PT e acham que ele é o caminho, e é o contrário. Ele é o passaporte para a volta do PT. A eleição é em dois turnos. O primeiro tem treze candidatos, no segundo ficaram dois e é a menor rejeição. Ele [Bolsonaro] perde para todos os candidatos. Vamos ter essas semanas para dizer que é um equívoco. Tem uma parte do eleitorado que está com o Bolsonaro porque não quer o PT, mas ele perde para o PT”, declarou o tucano.

    Henrique Meirelles, Marina Silva, Alvaro Dias e João Amoêdo, também entrevistados durante o evento, evitaram adiantar qualquer tendência de apoio no segundo turno e rejeitaram a possibilidade de abrir mão de suas candidaturas por uma união de Centro capaz de evitar que Bolsonaro e Haddad avancem na disputa.

    Para tentar demovê-los da posição, Pestana faz um apelo contra as “vaidades pessoais” e pede que o centro “não seja como um boi indo para o matadouro ficando esses 17 dias em berço esplêndido”. “De que vão valer essas vaidades se o Brasil mergulhar em uma crise crônica pela radicalização de um processo que já nos prejudicou muito?”, questiona, antes de criticar os líderes das últimas pesquisas.

    “O Bolsonaro não é um programa, é um estado de espírito. Ele galvanizou para si o medo extremo em relação à violência, o sentimento anticorrupção e uma cruzada por valores, em perspectiva conservadora, da família, mas ele não tem sequer um programa econômico claro. Já o Lula, porque ninguém está votando no Haddad, representa um PT que não é o ‘PT paz e amor’, mas sim o ‘PT sangue nos olhos’, que confronta a Justiça e o Ministério Público e é contra a liberdade de imprensa. Portanto, uma ameaça à democracia.”

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