Políticos de diversos políticos comentaram a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que condenou por unanimidade o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP). Enquanto a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou a decisão, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), comemorou a sentença e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) mostrou prudência.
Gleisi chamou o julgamento de farsa e disse que os votos dos desembargadores estavam ‘claramente combinados’. “Vamos confirmar a candidatura de Lula na convenção partidária e registrá-la em 15 de agosto, seguindo rigorosamente o que assegura a legislação eleitoral. Se pensam que história termina com a decisão de hoje, estão muito enganados, porque não nos rendemos diante da injustiça”, afirmou em nota.
Alckmin, que é pré-candidato a presidente da República, concorda com a petista que o encerramento do caso está longe. “Talvez não termine hoje essa novela, porque cabe recurso”, apontou o governador em publicação no seu perfil no Twitter. Ele disse que o foco, entretanto, não deve ser a impugnação ou não de uma eventual candidatura de Lula pela Lei da Ficha Limpa. “O importante não é se preocupar com adversário, é se preocupar com eleitor. Quem vai decidir a eleição é o povo.”
Também pré-candidato ao Planalto, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) afirmou que a confirmação da sentença contra Lula na segunda instância vai gerar ‘indecisão’ no processo eleitoral. Segundo ele, mesmo que justa, a condenação prejudica a credibilidade da disputa. “A primeira consequência é a indecisão. Vamos participar sem saber quem são os candidatos, quais vão chegar até o final, quais candidatos serão cassados ou não. A segunda é a credibilidade. É óbvio que gera uma perda de credibilidade no processo eleitoral se o candidato que tem mais prestígio neste momento nas pesquisas, e até pela sua história, sai por razões jurídicas, mesmo que em um julgamento justo”, disse.
Questionado se considerava a decisão justa, Cristovam disse ser preciso respeitar a decisão. “Não cabe a mim dizer se foi justo ou não. A hora que nós não respeitarmos a Justiça, dizendo que não foi justo, a democracia é colocada em xeque”, afirmou. Buarque também defendeu o direito de o ex-presidente recorrer a instâncias superiores para se manter na disputa pelo Planalto. “É direito dele ser candidato sub judice. Se eu respeito a Justiça, tenho que respeitar que o ex-presidente Lula entre na Justiça e peça para continuar como candidato mesmo depois de condenado. A lei permite”, disse.
O líder do PT no Senado, Lindberg Farias, disse que o país não vive mais em uma democracia e que “estão tentando tirar um representante do povo” das eleições. No ato na praça da República, o parlamentar afirmou que o PT vai derrotar o golpe com a “rebelião social” e pela “desobediência civil”.
Doria comemorou nas redes sociais. “O Brasil do bem celebra esse momento histórico. A Justiça está se cumprindo. A prisão aguarda em breve Luiz Inácio Lula da Silva. Essa corajosa decisão da justiça é um golpe duríssimo no PT e ajuda a fortalecer a esperança de um país mais justo e sem corrupção”, escreveu o prefeito.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também ensaia disputar a Presidência da República, disse que que “quem tem responsabilidade pública, em qualquer nação, não pode estar celebrando o dia de hoje”. Em nota, ele afirmou que “o melhor foro de enfrentamento de teses diferentes é a campanha eleitoral”. “Nela, o veredito é dado pelas urnas. Mas a campanha não começou, e quem se pronunciou hoje foi o Poder Judiciário. É necessário ouvi-lo e respeitá-lo. […] Toda e qualquer manifestação em relação à sentença proferida hoje, em Porto Alegre, deve respeitar a ordem institucional.”
PT
“Recebemos com muita perplexidade esse resultado”, afirmou o senador Jorge Viana (PT-AC). “Fico chocado de ver essa caçada contra Lula. Não é possível que um tribunal tenha se partidarizado dessa forma”, disse.
Para o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), Lula é o único nome capaz de “pacificar” o país. “Se tem uma liderança capaz de estar à frente da pacificação política no Brasil, de dar estabilidade às instituições e garantias à economia é Lula.”
“Muita gente se emocionou”, contou o senador Humberto Costa (PT-PE), sobre o clima entre petistas após a decisão do TRF4. “Mas vamos até as últimas consequências com o nome de Lula. Se houver impugnação, isso deve acontecer por volta de setembro”, afirmou.