Um dos presos na Operação Voucher da Polícia Federal (PF) – que, na semana passada, desmontou um esquema de fraudes no Ministério do Turismo – deu um cheque sem fundos para pagar a fiança de 109 mil reais e deixar a cadeia. Agora, Wladimir Furtado, que é pastor evangélico, tenta arrecadar o dinheiro junto a familiares, amigos e fieis da Assembleia de Deus Casa de Oração Betel, em Macapá (AP).
Entenda o caso
- • No dia 9 de agosto, a Polícia Federal (PF) desencadeou a Operação Voucher e prendeu 36 pessoas suspeitas de participar de um esquema de corrupção no Ministério do Turismo. Entre os presos estavam o secretário-executivo do ministério, Frederico Silva da Costa, o secretário nacional de Desenvolvimento de Programas de Turismo e ex-deputado Colbert Martins da Silva Filho, o ex-presidente da Embratur, Mário Moysés
- • O foco da investigação: um convênio firmado entre o Ministério do Turismo e o Ibrasi, em 21 de dezembro de 2009, para capacitação profissional para fomento do turismo no Amapá. O convênio, no valor de 4,4 milhões de reais, tinha como principal objetivo qualificar 1.900 pessoas em cursos presenciais e à distância
- • O Ibrasi contratou cinco empresas de fachada para simular a realização do serviço previsto no convênio. Em vez de realizar cotações prévias, como manda a lei, o instituto as simulou. Escolheu empresas cujos sócios tinham ligação com o Ibrasi
- • As empresas contratadas foram: Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur); Sinc Recursos Humanos e Automação Ltda; Barbalho Reis Comunicação e Consultoria Ltda; Manhattan Propaganda Ltda e Luaxe Produções, Promoção Comercial e Eventos Ltda
- • Depoimentos dos investigados, entre eles diretores da Conectur, implicaram a deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP) no esquema de corrupção. Ela foi autora da emenda que deu origem ao convênio entre o Ministério do Turismo e o Ibrasi
Leia mais no tema ‘Escândalos do governo Dilma’
“A gente não tem condições de arcar com um valor desses, que é muito alto. A gente está pedindo um pouquinho para cada um”, explicou a mulher dele, Darley Furtado, ao site de VEJA. Furtado é dono da Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur), empresa de fachada sediada na periferia de Macapá, que recebeu 2,5 milhões de reais do Ministério do Turismo em um convênio apontado como fraudulento pelo Tribunal de Contas de União (TCU) e pelo Ministério Público Federal (MPF).
Apelo – O relógio joga contra o pastor-empresário: ele precisará reunir os 109 mil reais (200 salários mínimos) ainda nesta segunda-feira se não quiser voltar à prisão, de onde saiu na madrugada de sábado. Por isso, Furtado fez nesta segunda-feira um apelo por doações em uma emissora de TV do Amapá.
Furtado nega envolvimento em fraudes: diz que as irregularidades, se aconteceram, são de responsabilidade do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestutura Sustentável (Ibrasi) – centro das investigações da Operação Voucher, da Polícia Federal (PF). Ele também nega ter afirmado que a deputada Fátima Pelaes (PT-AP) lhe pediu que assinasse o milionário contrato suspeito.
O empresário foi preso na terça-feira junto com outras 35 pessoas que operavam um esquema de desvios em contrados do Ministério do Turismo.
Leia também:
Leia também: Ibrasi tentou esconder fraudes com operação-limpeza
Foco de corrupção – Para fraudar o convênio que firmou com o Ministério do Turismo em 21 de dezembro de 2009 , o Ibrasi contratou cinco empresas de fachada. Quase todas elas tinham entre seus sócios pessoas próximas a diretores do próprio Ibrasi. A exceção é a Conectur. Como indicam os depoimentos de alguns dos investigados pela PF, essa empresa já era um foco de corrupção.
Diálogos gravados pela PF com autorização da Justiça, aos quais o site de VEJA teve acesso, sugerem que o próprio Ministério do Turismo determinou a contratação da empresa pelo Ibrasi. É o que diz Maria Helena Necchi, diretora da ONG, em conversa telefônica interceptada e que faz parte do relatório dos investigadores: “A Conectur foi contratada quando a gente chegou aí porque era orientação do Ministério, tinha que ser uma empresa que estava aí”.
Saiba como foi a devassa no Turismo