O advogado Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, preso pela Polícia Federal, era, até a manhã desta sexta-feira, diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, na gestão do prefeito ACM Neto (DEM). Ferraz é acusado de participar da ocultação de 51 milhões de reais encontrados nesta semana em um apartamento, supostamente utilizado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), também preso. A Prefeitura de Salvador informa que Ferraz foi exonerado por causa das investigações policiais.
Na decisão que autorizou a prisão preventiva do advogado, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, afirmou que as impressões digitais dele foram encontradas, assim com as de Geddel, nas cédulas e nas caixas que as armazenavam dentro do imóvel. No despacho, Vallisney relaciona o dinheiro com um esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal, estatal da qual o ex-ministro foi vice-presidente e que consistia na liberação de empréstimos e financiamentos para empresas em troca do pagamento de propinas.
O magistrado aponta que Gustavo Ferraz, “ao que tudo indica”, também teria participado nos fatos criminosos investigados pela Operação Cui Bono?, nos quais também são investigados o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e outro ex-executivo do banco público, Fábio Cleto. Ferraz teria sido emissário de Geddel em um encontro em São Paulo com Altair Alves, este representante de Cunha.
Candidato derrotado para o cargo de vice-prefeito de Lauro de Freitas (BA), pelo PMDB em 2016, Gustavo Ferraz foi nomeado para o comando da Defesa Civil de Salvador em janeiro desse ano. Com a prisão, também foi dispensado pelo prefeito ACM Neto. Em nota, a administração municipal afirma que “não compactua com nenhum ato ilícito e qualquer servidor municipal envolvido em questões dessa natureza terá que responder na Justiça”