Presidente diz que Câmara ‘não é camping’ e pede fim de protesto
Milton Leite (DEM) irá à Justiça para pedir reintegração de posse do prédio, com a retirada de manifestantes que invadiram plenário em protesto contra Doria
Após se reunir com representantes do grupo que invadiu o plenário para protestar contra projetos do prefeito João Doria (PSDB), o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (DEM), anunciou que irá pedir a reintegração de posse à Justiça e proibir a entrada de comida e água para os manifestantes.
“Aqui não é camping, não é acampamento nem turismo. Isso é uma ocupação não autorizada. Eles podem ficar lá [no plenário], mas, se saírem para comer e ir ao banheiro, não voltam”, disse o presidente da Casa, que é aliado de Doria. O protesto conta com cerca de 70 pessoas e é apoiada por partidos como PSOL e PT. Por volta das 13h, alguns poucos vereadores discutiam no plenário projetos da Comissão de Transportes quando o grupo chegou e subiu nas poltronas e mesas dos parlamentares.
Num primeiro momento, houve empurra-empurra entre os manifestantes, guardas-civis e representantes de taxistas, que acompanhavam a sessão e depois foram embora. O momento de maior tensão ocorreu quando os participantes do protesto começaram a montar barricadas de cadeiras na porta e viu-se rapidamente uma fumaça.
Apesar das restrições, o grupo formado por estudantes e movimentos de esquerda, de moradia e de cultura anunciaram que vão resistir e que não pretendem deixar o recinto tão cedo. Eles protestam contra o pacote proposto por Doria para privatizar parques, estádios, cemitérios, mercados e outras propriedades da prefeitura, e as restrições ao uso do passe livre estudantil. “Não estamos aqui fazendo camping. Queremos garantir que a Constituição seja colocada em prática”, disse o manifestante Jesus dos Santos, logo após o encontro com Leite.
Uma das principais propostas do grupo é emplacar um plebiscito para que a população se manifeste sobre a concessão dos bens do município à iniciativa privada. Um projeto nesse sentido foi proposto em junho pela vereadora Patrícia Bezerra (PSDB), ex-secretária de Direitos Humanos de Doria e que pediu para deixar a gestão municipal por discordar de políticas do prefeito.