PGR ouve hoje Joesley e executivos da JBS sobre novo áudio
Depoimento será em investigação aberta contra eles sobre possíveis omissões no acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público
A Procuradoria-Geral da República (PGR) antecipou para esta quinta-feira, às 10 horas, o depoimento do empresário Joesley Batista e dos executivos da JBS Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva no procedimento de revisão da colaboração premiada aberto contra eles. A expectativa inicial era de que os três fossem depor apenas na sexta-feira, um dia após o feriado do Dia da Independência. Também deve depor nesta quinta o advogado Marcelo Miller, ex-procurador da República.
Os quatro foram chamados a prestar esclarecimentos a respeito de informações que constam do áudio de quatro horas de uma conversa entre Joesley e Saud, na qual tratam de fatos que teriam omitido do acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público. Os dois também teriam dado a entender, na conversa, que o então procurador da República Marcelo Miller teve uma atuação dupla: antes de pedir exoneração do cargo no Ministério Público Federal, teria atuado como defensor dos interesses da empresa na instituição. Depois de deixar o MPF, Miller passou para a banca de advogados Trench, Rossi & Watanabe, que atende a JBS.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está inclinado a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) o fim da imunidade penal contra esses três executivos da J&F. Se o pedido for aceito pelo STF, abre-se o caminho para que Joesley Batista e os outros dois executivos do grupo possam ser alvo de inquéritos e processos criminais, inclusive de fatos que eles confessaram.
Contudo, de acordo com os termos da delação premiada, as informações dadas por eles não podem ser anuladas. As revelações motivaram a abertura de várias investigações contra autoridades e, até o momento, serviram como base para ao menos uma denúncia criminal contra o presidente Michel Temer. Janot ainda pretende denunciar Temer novamente ao Supremo usando informações da colaboração.
O procurador-geral pretende entregar as conclusões da investigação e o provável pedido de revisão da pena ao STF ainda sob a sua gestão à frente do Ministério Público Federal. O mandato dele encerra-se no dia 17 de setembro, daqui a 10 dias. O procurador-geral da República havia designado a subprocuradora Cláudia Sampaio para tomar os depoimentos, embora ele mesmo possa fazer isso.
(Com Reuters)