Depois de entrar na mira da Lava Jato com a acusação de que extorquiu 5 milhões de dólares de um lobista, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, recebeu outra má notícia: a Procuradoria Geral da República investiga se o deputado intimidou Fernando Soares, um dos operadores do PMDB, conhecido como Fernando Baiano. Segundo a coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, a PGR suspeita que Cunha tenha ameaçado Baiano, que está preso desde o final do ano passado, para que não selasse um acordo de delação premiada, no âmbito do qual poderia revelar bastidores das propinas da Petrobras destinadas a parlamentares do partido.
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A PGR não informa quais são os indícios da suspeita e o advogado de Fernando Baiano, Nélio Machado, diz que a informação não é correta. Segundo Machado, Baiano tem até recebido pressão, dentro da cadeia, mas no sentido contrário: para fazer um acordo de delação.
O deputado Eduardo Cunha já foi apontado como uma figura ameaçadora por outros dois delatores. Um deles é o próprio lobista Júlio Camargo, que o acusa de extorsão de 5 milhões de dólares. Em seu depoimento divulgado nesta semana, Camargo afirma que Cunha “é conhecido como uma pessoa agressiva”, embora ressalve que, no seu contato com o deputado, seu tom foi cortês e gentil.
Outro delator, o doleiro Alberto Youssef, disse à Justiça que vinha sofrendo intimidações do presidente da Câmara. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, afirmou que um “pau mandado” de Cunha fez ameaças à sua família. O deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) negou a acusação: “Não sou pau mandado de ninguém”, disse Pansera. “Não devo favor nenhum a Eduardo Cunha. Ele é líder do partido, presidente da Câmara, mas fui eleito como resultado do meu trabalho. Fazer os requerimentos à CPI foi uma decisão minha. E só fiz isso porque foi o próprio Youssef quem falou dos patrimônios das filhas na delação dele.”
A intimidação de testemunhas e a ocultação ou destruição de provas são razões legais para a decretação de prisão preventiva. No caso de Cunha, porém, um pedido de prisão preventiva, no caso de ficarem comprovadas as ameaças e intimidações, não teria muitas chances de sucesso. O pedido teria de ser submetido ao Supremo Tribunal Federal e, se aceito, referendado pela Câmara dos Deputados, onde Cunha ainda desfruta de amplo apoio.
(Da Redação)