Informações descobertas pela Polícia Federal reforçam a ligação do PT com a quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB. A investigação da PF sobre o caso detectou a conexão entre as violações de dados na Receita Federal e a pré-campanha de Dilma Rousseff à Presidência: o jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Em maio, VEJA havia revelado que o pré-comitê de Dilma tentou montar um grupo para investigar a vida dos adversários, incluindo o presidenciável tucano José Serra, seus familiares e amigos.
Como mostrou a reportagem de VEJA, o grupo de arapongas estava de posse de um documento que continha informações fiscais de Verônica Serra, Eduardo Jorge, Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio e Gregório Preciado – os mesmos personagens que tiveram seu sigilo invadido em Mauá e Santo André, na Grande São Paulo.
Segundo reportagem desta quarta-feira do jornal Folha de S. Paulo, a PF concluiu que as informações a respeito dos dados fiscais dos tucanos foram encomendadas pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. Ele foi um dos que participaram de uma reunião com o ex-delegado Onézimo de Sousa, que revelou ter recebido, durante um almoço com integrantes da pré-campanha petista, um convite para espionar Serra. Em depoimento no Congresso, Onézimo afirmou que Amaury garantiu ter “dois tiros fatais” contra Serra, mas não entrou em detalhes sobre o que isso seria.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a encomenda foi confessada pelo próprio jornalista em depoimento prestado à PF na semana passada. Amaury disse ainda que pagou 12.000 reais ao despachante Dirceu Rodrigues Garcia para que lhe trouxesse os dados. Os agentes federais já haviam detectado o elo entre o jornalista e o despachante com base em ligações telefônicas interceptadas com autorização judicial. Garcia foi, portanto, o intermediador da compra dos dados obtidos com a violação dos sigilos fiscais. Após receber as ordens de Amaury, o despachante repassou o pedido ao office boy Ademir Cabral, que pediu ajuda ao contador Antônio Carlos Atella Ferreira para obter as informações.
Atella é o autor da procuração falsa utilizada para retirar os dados fiscais de Verônica Serra, filha de José Serra, e do marido dela, Alexandre Bourgeois, em uma agência da Receita em Santo André. O contador também é ligado ao PT. Ele foi indiciado pela Justiça e vai responder por falsificação de documentos. Já o jornalista Amaury pode ser indiciado por corrupção ativa e co-autoria da violação do sigilo fiscal.