Com 37 ministérios distribuídos entre nove partidos, o governo Lula deve promover, em agosto, uma dança das cadeiras para abarcar a chegada de duas novas legendas, o Progressistas e o Republicanos.
As mudanças repercutem nos partidos que já compõem a base do governo. Nos últimos dias, as articulações sobre as trocas causaram descontentamento entre os aliados que se veem sob o risco de perder espaço.
Um deles foi o PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin. O partido ocupa três ministérios, embora tenha só 15 deputados – a título de comparação, o União Brasil, com a mesma quantidade de pastas, tem 59 parlamentares na Câmara. Por isso, passou-se a propagandear que a legenda tem cadeira demais para voto de menos e, dessa maneira, deveria ser ela a ceder um cargo na esplanada.
Uma das possibilidades aventadas seria tirar o próprio Alckmin do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio – o que Lula não vê com bons olhos – ou então remover Márcio França de Portos e Aeroportos. Flávio Dino, o terceiro ministro, é um dos mais populares auxiliares do presidente, o que impediria qualquer troca.
Políticos do PSB, no entanto, dizem que apenas uma pasta – a de Márcio França – representa a indicação da legenda. Segundo eles, tanto Alckmin quanto Dino são da cota pessoal de Lula, e a nomeação dos dois não passou por negociações partidárias.
Os socialistas tentam minimizar a chance de demissões ou trocas, e creditam a inclusão entre os possíveis afetados por uma reforma ministerial a um fogo amigo por parte do partido do presidente da República. “É algo que vem 100% do PT. Eles, com dez ministérios, não querem perder espaço, então jogam para o nosso lado”, disse um influente político do PSB.
Devolvendo a intriga, ele ressalta que a bancada do PT na Câmara, hoje, não ajuda a compor com nenhuma legenda aliada nem traz votos de outros partidos. O PSB, por outro lado, integra um ‘blocão’ de quase 200 deputados entre nove partidos. “Em meio às dificuldades de articulação na Câmara, não foi o PT que resolveu com o Arthur Lira. Foi a gente”, afirma um deputado da legenda.